Lyon (França) ; Estrela da classificação dos Estados Unidos sobre a anfitriã França na Copa do Mundo feminina, Megan Rapinoe adiantou que se recusaria a ir na Casa Branca, caso o país fosse campeão. Também no Mundial, Marta, a brasileira melhor do mundo, assumiu papel ativista pela igualdade de gênero, enquanto a norueguesa Bola de Ouro, Ada Hegerberg, sequer aceitou disputar o torneio em reivindicação por igualdade entre as seleções feminina e a masculina do país. Com os holofotes conquistados por esta Copa, as melhores jogadoras da atualidade vêm provando que os gramados também são palcos promissores de engajamento político e social.
Rapinoe, artilheira e uma das capitãs da atual campeã mundial, é conhecida pelas declarações fora de campo. Na França, a atleta não cantou o hino ou colocou a mão no peito em nenhuma das partidas dos EUA. A atitude é marca da jogadora, que protesta pela igualdade entre homens e mulheres. Nesta Copa, no entanto, foi na fase eliminatória da competição que Rapinoe se destacou ainda mais e que, consequentemente, as afirmações ganharam maior repercussão. A americana de 33 anos foi eleita a melhor em campo na partida válida pelas quartas de final, na qual marcou dois dos cinco gols que anotou só nesta edição.
O jogo, disputado na última sexta-feira, mesmo dia em que se comemorou o Dia do Orgulho LGBT, serviu de palco para um novo protesto. ;Para mim, ser gay e fabulosa durante o mês do Orgulho Gay e do Mundial é ótimo;, respondeu Megan ao ser questionada se o ;desentendimento; com o presidente americano Donald Trump deu uma motivação extra a ela dentro de campo. A luta LGBT é uma das bandeiras defendidas pela jogadora do Seattle Reign. Rapinoe é casada com Sue Bird, jogadora de basquete do Seattle Storms, da WNBA. Desde 2012, o relacionamento se tornou público.
;Eu fico motivada por ver pessoas que gostam de mim e lutam pelos mesmos ideais. Adquiro mais energia com isso do que tentando provar que alguém está errado;, completou. O desentendimento com Trump começou quando Rapinoe afirmou que não irá à Casa Branca caso os Estados Unidos vençam a competição. Antes do jogo contra a França, ela voltou a reafirmar a posição: ;Em caso de vitória aqui, prefiro não ir por causa dos meus valores. Não seria certo ir lá e emprestar essa nossa plataforma para uma administração que não está lutando pelas coisas pelas quais nós lutamos;.
Todas juntas
Também da seleção norte-americana, Ali Kreiger reforçou a retaliação ao presidente Trump, em apoio à colega, por meio das redes sociais. ;Eu não apoio esta administração nem a sua luta contra os cidadãos LGBTQ +, os imigrantes e os nossos mais vulneráveis;, disse a segunda atleta com mais participações em mundiais entre as americanas. Krieger e Ashlyn Harris foram o primeiro casal de noivas que jogaram juntas na seleção dos Estados Unidos. Elas ficaram noivas em março de 2019.
Outra estrela americana que faz barulho tanto no ataque dos Estados Unidos quanto na luta pela igualdade é Alex Morgan. Além de uma das jogadoras que dividem a faixa de capitã da equipe na Copa, Alex lidera, junto às colegas de seleção, uma ação judicial por discriminação salarial. O nome da camisa 13 dos EUA encabeça o processo contra a federação de futebol do país, tricampeão mundial da modalidade feminina. O tema voltou a ter repercussão após Morgan estrear na Copa da França marcando cinco dos 13 gols na goleada contra a Tailândia.
Destaque do dia
Arbitragem brasileira
Apesar da precoce eliminação da Seleção Brasileira na Copa do Mundo feminina da França, o país estará presente nas semifinais da competição. O trio de arbitragem formado por Edina Alves Batista (foto), Tatiane Sacilotti e Neuza Back vai representar o país no jogo entre Estados Unidos e Inglaterra, amanhã. Será a quarta partida que o trio apitará no Mundial da França. Comandadas por Edina, as árbitras já estiveram presentes em dois jogos da fase de grupos e uma partida das oitavas de final.