São Paulo ; Protagonistas do duelo de hoje entre Colômbia e Chile na Arena Corinthians, às 20h, pelas quartas de final da Copa América, Yerry Mina, James Rodríguez, Alexis Sánchez e Arturo Vidal são especialistas em usar torneios oficiais com as respetivas seleções como vitrine para atrair transações inflacionadas. Levantamento do Correio mostra que o quarteto movimentou quase R$ 1,6 bilhão em transferências no mercado e nem sempre entregou o que badalados clubes europeus como o Real Madrid e Barcelona esperavam.
No início de 2018, o Barcelona investiu R$ 51,2 milhões para comprar Mina do Palmeiras. Supersticioso, o beque tirou até o tênis para pisar descalço no gramado ;sagrado; do Camp Nou ao ser apresentado à torcida. O ritual falhou. Incapaz de concorrer com Piqué, Umtiti, Vermaelen e Lenglet, passou uma temporada no clube.
Descartado pelo técnico Ernesto Valverde, disputou seis partidas no Campeonato Espanhol. Para sorte do clube catalão, Mina brilhou na Copa da Rússia e amenizou o prejuízo. O Everton levou o colombiano por R$ 131,2 milhões. Nesta Copa América, o zagueiro é um dos responsáveis pela consistência da defesa. Com 100% de aproveitamento na fase de grupos, a seleção cafetera ainda não foi vazada na competição.
James Rodríguez atingiu o ápice da carreira na Copa de 2014. Artilheiro isolado com seis gols, arrematou a Chuteira de Ouro do torneio disputado no Brasil. O Real Madrid imediatamente digitou a senha do cartão e transferiu R$ 325,5 milhões para a conta do Monaco, da França.
Cinco anos depois, o clube merengue não sabe o que fazer com o camisa 10 da Colômbia. O contrato de empréstimo ao Bayern Munique expirou. O time alemão não quer mais. Ao que parece, o treinador Zidane também não. Logo, o desempenho de James na Copa América pode ajudar o Real a solucionar o impasse com uma possível venda na janela de transferências.
Alheio aos altos e baixos dos comandados, o técnico Carlos Queiroz exige poder de decisão com a camisa da Colômbia. ;Eu costumo dizer aos jogadores que eles têm, no máximo, dois segundos para tomar decisões. Futebol não é PlayStation. Não posso entrar em campo e parar o jogo para decidir por eles. Peço que tenham sabedoria;, cobrou na entrevista coletiva de ontem, na Arena Corinthians, empurrando o favoritismo para a trupe de Arturo Vidal e Alexis Sánchez. ;Não temos nada a perder. O Chile, sim. É o atual bicampeão;.
La Roja também conta com seus ;jogadores de seleção;. Assim como os rivais colombianos, Alexis Sánchez usou o desempenho na Copa América e na Copa do Mundo para atrair bons negócios. Em 2011, desembarcou no Barcelona por R$ 112,8 milhões. Questionado principalmente por Messi, começou a amargar a reserva e pegou o rumo do Arsenal depois da primeira temporada de Neymar no elenco. As boas exibições na Copa de 2014 valorizaram o atacante. O time londrino aceitou pagar R$ 184,4 milhões.
Xerife do Chile no bicampeonato da Copa América, Arturo Vidal fechou com o Barcelona na temporada passada. Sabia que havia chegado por R$ 78,1 milhões para compor elenco. Fez a parte dele e, ao que parece, está prestes a ser descartado. Especula-se o retorno ao futebol italiano. Porém, o possível tri do torneio continental, no Brasil, pode revalorizá-lo.
O treinador colombiano do Chile, Reinaldo Rueda, tem uma tese sobre a superação dos astros com a camisa da seleção. ;Alexis Sánchez deu certo e errado em clubes por onde passou, mas na seleção é diferente. São outras pessoas devido à sinergia, ao comprometimento com o país. São situações específicas, emocionais, que elevam o nível do desempenho. Isso faz com que tenham retorno no trabalho quando voltam aos clubes;, disse na coletiva de ontem.