Jornal Correio Braziliense

Superesportes

É preciso mais do que garra

Jogadoras afirmam que chegou a hora de o Brasil investir mais nos clubes para que a Seleção consiga resultados




Le Havre (França) ; O país da melhor jogadora do mundo nunca esteve fora de uma Copa do Mundo de futebol feminino. De potência, porém, virou coadjuvante, ao ser eliminado pela segunda vez seguida nas oitavas de final sob o comando do técnico Vadão. E a pergunta, agora, é como reconquistar o destaque na modalidade em que países da Europa começam a colher resultados de investimentos feitos nos últimos anos. Após a derrota contra a França, as declarações das brasileiras revelaram um misto de desabafos e indicações de mudanças.

Para a maioria das atletas, o caminho para recuperar o tempo perdido passa pelo fortalecimento dos clubes e da estrutura dedicada ao futebol feminino, já que, em outros países, eles exercem papel essencial na formação das atletas. Isso para substituir uma geração que já prometeu aposentar a camisa verde-amarela nos próximos Jogos Olímpicos, em Tóquio, no ano que vem. Resta apenas um ano para buscar o inédito ouro olímpico. Uma solução apontada pela goleira Bábara é a seleção permanente, adotada antes das Olimpíadas do Rio, em 2016, em que o Brasil terminou na quarta colocação. ;Ficamos muito mais tempo juntas, nós nos conhecíamos;.

Até lá, há uma expectativa por mudanças nos bastidores da Seleção Brasileira. A permanência de Vadão segue como incógnita. Técnico da Seleção feminina desde 2017, após ter comandado o time por três anos, entre 2014 e 2016, ele chegou ao Mundial pressionado por nove derrotas seguidas. Na Copa do Mundo, o Brasil saiu de cabeça erguida por causa da garra e da dedicação em campo. Mas o empenho das jogadoras não muda a campanha com duas vitórias e duas derrotas, em que o Brasil avançou da primeira fase apenas na terceira colocação.

;O Vadão fez uma ótima Copa, independentemente das críticas contra ele. Quem decide o futuro da Seleção Brasileira é a CBF. Se, quando chegarmos ao Brasil, acharem que nosso tempo deu, a gente vai entender. Se acharem que devemos prosseguir, faremos isso;, disse Marco Aurélio Cunha, coordenador de seleções femininas da CBF, antes de embarcar de volta para o país.

Sempre reconhecidas pela garra e vontade, as jogadoras apontaram que a característica não pode mais definir o trabalho da Seleção Brasileira feminina. A zagueira Mônica, que jogou duas Copas, apontou a necessidade de um novo olhar para a modalidade. ;Futebol feminino no Brasil sempre foi dessa forma, com muita raça e vontade, mas sabemos que precisa de muito mais. Não é só garra, vontade. Precisa de planejamento, trabalho;, disse a jogadora.

Europa

A garra e a vontade da Seleção Brasileira, por exemplo, não foram suficientes para espantar os fantasmas desta Copa. A equipe da França assombrou o Brasil. Antes do temido cruzamento com a anfitriã logo nas oitavas de final, a Itália também gerou receio. Os dois países, apesar de campeões mundiais no futebol masculino, não tinham a mesma força no feminino. Nos últimos anos, porém, os grandes clubes do masculino investiram em equipes femininas, fortalecendo a liga nacional e atraindo as jogadoras para atuar no próprio país.




Destaque do dia




Megan Rapinoe


Os Estados Unidos confirmaram o favoritismo diante da Espanha nas oitavas de final da Copa do Mundo da França. No entanto, se engana quem pensa que as atuais campeãs tiveram vida fácil contra as espanholas. No jogo vencido por 2 x 1, quem se destacou foi a capitã do time americano, Megan Rapinoe. A vice-artilheira da equipe marcou os dois gols de pênalti, que garantiram a vitória dos EUA, e foi eleita a melhor jogadora da partida. Um deles contou com a confirmação do VAR, que vem sendo protagonista das oitavas de final. Apesar do resultado positivo contra a Espanha, os EUA tomaram o primeiro gol da competição, após uma bobeada da goleira, que deixou Jennifer Hermoso igualar a partida. Em outro jogo pelas oitavas, a Suécia venceu o Canadá por 1 x 0.