Jornal Correio Braziliense

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A vida como ela é

Sem disputar confrontos oficiais desde o vice-campeonato na Copa Sul-Americana pelo Flamengo, Reinaldo Rueda estreia em partida oficial à frente do Chile em defesa do título e do emprego

São Paulo ; Dezoito meses se passaram na vida de Reinaldo Rueda Rivera desde a última partida oficial como treinador de futebol: o vice-campeonato da Copa Sul-Americana à frente do Flamengo contra o Independiente, da Argentina, em 13 de dezembro de 2017. A pressão de continuar comandando o clube mais popular do Brasil foi trocada por uma enganosa calmaria de 12 amistosos pela seleção do Chile ; ausente na Copa do Mundo da Rússia. As cinco vitórias, quatro empates, três derrotas, os conflitos no vestiário e a entressafra colocaram em xeque a permanência do colombiano, de 62 anos, no cargo. O desempenho na Copa América definirá se ele permanecerá ou não no cargo para as Eliminatórias da Copa de 2022.

A primeira partida à vera de Reinaldo Rueda pela atual seleção bicampeã do continente será hoje, às 20h, contra o convidado Japão, no Morumbi. Portanto, acabou o contrato de experiência. Qualquer desfecho diferente dos milagres realizados pelos antecessores Jorge Sampoli (2015) e Juan Antonio Pizzi (2016), nas últimas duas edições da Copa América, poderá minar a passagem do queridinho da torcida rubro-negra pelo Chile. Antes de trabalhar no Brasil, Rueda também foi sondado por Cruzeiro e Corinthians.

A insatisfação com o trabalho de Rueda deu a ele até um fiel escudeiro. O experiente volante Vidal assumiu a missão de blindá-lo na chegada do Chile a São Paulo. ;Falar sobre a saída do técnico é uma maldade. Acham que seremos eliminados na fase de grupos. Espero que isso não aconteça e que o professor continue conosco por muito tempo, que conclua o ciclo, como foi no Equador e em Honduras;, comparou.

Rueda assumiu uma seleção curto-circuito depois do vexame nas Eliminatórias para a Copa da Rússia. Além de pacificar o elenco, teve de limpá-lo. Dos 23 convocados para a Copa América, nove participaram das conquistas de 2015, em casa, e de 2016, nos Estados Unidos.

O risco de queda também tem motivos dentro das quatro linhas. As derrotas do Chile na era Rueda não foram para escolas da elite do futebol mundial. A seleção perdeu para um adversário europeu de terceira linha ; a Romênia ;, por 3 x 2; e caiu diante de dois adversários da Concacaf ; Costa Rica (3 x 2) e México (3 x 1). Mas Vidal reforçou: ;Vocês verão a nossa seleção pressionando os adversários desde o primeiro minuto;.

Na entrevista coletiva de ontem, Rueda avisou que o Chile não é favorito, mas está no Brasil em busca do tri. ;Para mim, o favorito é o Uruguai, principalmente depois do que fizeram hoje (ontem, na goleada por 4 x 0 sobre o Equador), mas o Chile é uma seleção vencedora. Estamos aqui para chegar o mais longe possível.;

Kubo mágico

Um dos desafios de Rueda será parar o meia Takefusa Kubo. Anunciado na última quinta-feira como reforço do Real Madrid, o menino de 18 anos ganhou apelido de ;Messi japonês;. O garoto do Tokyo FC virou a casaca. Na infância, foi contratado pelo Barcelona. Porém, em 2014, o clube catalão recebeu punição da Fifa por contratar menores de idade. Kubo arrumou as malas e retornou ao Japão. Decidiu vestir a camisa do Tokyo FC. Aos 18 anos, o ex-aluno de La Masia, a fábrica de talentos do Barça, surpreendeu ao fechar com o arquirrival merengue.

Nascido em Kawasaki, em 4 de junho de 2001. Disputou 16 partidas oficiais pelo Tokyo FC na temporada; 13 pela J-League, o Campeonato Japonês; e três na Copa do Japão. Marcou cinco gols e deu três assistências ; ponto forte do futebol de Kubo. ;Ele é o futuro do futebol japonês. Estamos felizes com a presença dele no Real Madrid e no nosso elenco na Copa América;, apostou o meia Gaku Shibasaki, do Getafe.

Questionado pelo Correio na entrevista coletiva sobre se algum treinador inspira seu trabalho à frente da seleção do Japão, Hajime Moriyasu empurrou o 7 x 1 para baixo do tapete e elogiou Luiz Felipe Scolari, com quem se encontrou na sexta-feira. ;Tive oportunidade de ir ao Palmeiras e encontrar com Felipe, um grande técnico, internacionalmente respeitado e que trabalhou no Japão (no Jubilo Iwata, em 1997). Tenho enorme respeito por ele;, afirmou.

Segunda vez
O Japão está na Copa América pela segunda vez como seleção convidada: participou em 1999, no Paraguai. Desta vez, o elenco não é o principal. Os clubes europeus se negaram a ceder os maiores talentos do país pelo fato de o Japão não pertencer à Conmebol. Há 18 jogadores com idade para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Esse é o foco na Copa América.

Ficha

20h
Morumbi (São Paulo)
Copa América 1; rodada (Grupo C)
Transmissão SporTV
Árbitro: Mario Diaz de Vivar (Peru)

JAPÃO
Kawashima; Nakayama, Ueda e Tomiyasu; Ito, Shibasaki, Hara e Sugioka; Nakajima e Kubo; Okazaki
Técnico: Hajime Moriyasu

CHILE
Arias; Isla, Medel, Maripán e Beausejour; Pulgar, Arángui z e Vidal; Fuenzalida, Vargas e Alexis Sánchez
Técnico: Reinaldo Rueda