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Retorno da rainha Marta pode ser a novidade do Brasil na partida de hoje contra a Austrália. Entenda por que o duelo virou clássico. Seleção tem chance de antecipar classificação para as oitavas de final

Montpellier (França) ; Algoz do Brasil na última Copa do Mundo, quando eliminou a Seleção Brasileira nas oitavas de final de 2015, a Austrália experimentou do mesmo veneno diante da equipe de Marta nas Olimpíadas do Rio, no ano seguinte. Da segunda vez, foram as australianas que ficaram pelo caminho após perderem para a seleção canarinha nos pênaltis. Hoje, às 13h (de Brasília), as duas esquadras voltam a se cruzar, pela primeira fase da Copa do Mundo da França, no Stade de la Mosson, em Montpellier.

Apesar de a partida de hoje não ser eliminatória, a surpreendente derrota da Austrália para a Itália de virada, por 2 x 1, na primeira rodada, criou contornos dramáticos para a equipe que era tida como favorita da chave do Brasil. As brasileiras lideram o grupo com três pontos após vencerem a Jamaica por 3 x 0, mas sabem que os desafios mais difíceis estão por vir, diante da própria Austrália e da Itália. Os dois primeiros de cada grupo se classificam para as oitavas de final, além dos quatro melhores terceiros colocados.

O duelo válido pela fase de grupos promete oferecer muitas emoções ao torcedor. Isso porque o confronto virou clássico do futebol feminino. Em 2016, o confronto que valia vaga para a semifinal olímpica acabou sem gols, inclusive na prorrogação. Nos pênaltis, Marta errou a quinta cobrança e deixou a adversária a um gol da classificação. Foi quando Bárbara roubou a cena ao defender o pênalti de Alanna Keneddy. Antes, a goleira brasileira havia defendido o chute de Katrina Gorry. Na Copa, todas elas voltam a se encontrar em um torneio oficial de seleções.

Das quatro jogadoras que tiveram papel marcante naquele jogo das Olimpíadas, apenas Bárbara não trabalha nos Estados Unidos. A zagueira Alanna Keneddy e a atacante Marta atuam, inclusive, no mesmo clube, o Orlando Pride, dos Estados Unidos. O time norte-americano ainda conta com as meias Camila Martins, do lado brasileiro, e Emily Van Egmond, do lado australiano. Mas é uma rival de todas elas na liga norte-americana que vem assumindo protagonismo neste duelo entre seleções com cara de clássico.

A capitã Sam Kerr é a referência da seleção australiana. Ela inclusive marcou o único gol da Austrália na Copa da França. A atacante do Chicago Red Stars é uma das 12 australianas em ação nos EUA. Kerr foi artilheira da liga americana aos 25 anos e chegou a concorrer com Marta pelo prêmio de melhor do mundo em 2018. Esse troféu quem levou para casa foi a brasileira, pela sexta vez na carreira. A capitã, porém, sabe do potencial de Kerr, tanto que votou na rival australiana para levar a premiação de melhor do mundo.

Marta
O técnico Vadão não confirmou a escalação da jogadora eleita seis vezes melhor do mundo. Nos dois últimos dias, a camisa 10 treinou normalmente com a equipe depois de se recuperar de uma lesão na coxa esquerda. ;Tem respondido bem ao tratamento. Depende de uma conversa de todos nós, inclusive da própria Marta;, disse o treinador, mantendo a cautela na coletiva de ontem.

A goleira Bárbara não economizou precaução sobre a presença de Marta em campo. ;Ela está com fome de bola. Ela se sente 100%. Segundo ela, está se sentindo muito bem. Vai para o jogo;, opina a salvadora de Marta na decisão de pênaltis das quartas de final das Olimpíadas do Rio.

Destaque do dia

França triunfa
Duas seleções emplacaram a segunda vitória na Copa do Mundo, ontem, ficando muito próximas da classificação para as oitavas de final. A anfitriã França (foto) derrotou a Noruega, por 2 x 1, novamente com casa cheia, desta vez, no Estádio de Nice. A partida foi agitada e contou com a ajuda do VAR para a marcação do pênalti que decidiu o triunfo francês. Os gols foram das atacantes Gauvin e Le Sommer. A zagueira e capitã francesa, Renard, também balançou as redes, mas contra. Pelo Grupo B, a Alemanha também somou seis pontos, ao ganhar da Espanha, por 1 x 0, com gol de Sara Dãbritz.

Rivalidade crescente

Apesar de o Brasil se destacar nos resultados dos confrontos oficiais, foi a Austrália que levou a melhor nos últimos quatro amistosos ; todos após as Olimpíadas do Rio. As seleções se enfrentaram seis vezes, com cinco vitórias brasileiras e apenas uma australiana. As Matildas só ganharam do Brasil no último Mundial, em 2015, quando eliminaram a Seleção (1 x 0) nas oitavas.

A evolução de Brasil e Austrália é oposta. Em 2003, quando a Fifa começou a ranquear as seleções, a equipe brasileira ocupava a sexta colocação, enquanto a australiana estava na 15;. O auge da seleção canarinha foi entre 2008 e 2010, mantendo-se entre os três melhores. Nos anos seguintes, no entanto, o Brasil despencou até a 10; posição, que ocupa desde o ano passado. A Austrália chegou a ser o quarto país melhor ranqueado, em 2017, e atualmente é o sexto.