Rio de Janeiro ; Patrícia Amorim abriu guerra à Confederação Brasileira de Futebol (CBF), acusando a entidade de tentar rachar os clubes ao declarar que a Taça das Bolinhas é do São Paulo. ;A briga apenas começou. É constrangedor buscar fora de campo o que conquistamos dentro dele. Temos o nosso interesse e não vamos abrir mão disso;, assegurou a presidenta do Flamengo. O vice jurídico do rubro-negro, Rafael de Piro, garantiu que entraria com um pedido de revisão sobre o destino do controverso troféu ontem à tarde. ;Confiamos que será reconsiderado. Se for preciso, vamos até as últimas consequências;, prometeu o dirigente, que aguarda uma resposta da CBF ainda hoje.
Patrícia recebeu com surpresa a notícia de que a CBF não reconheceria o Flamengo como campeão brasileiro de 1987. ;Senti o mesmo que todo torcedor: decepção. Aquele título é incontestável. O Flamengo não realizou o jogo final por determinação do Clube dos 13. Isso está claro nas atas (de reuniões) que vou encaminhar à CBF. Acatamos a decisão e esperávamos que a CBF tivesse a mesma sensibilidade;, revelou a presidenta. Um dos motivos de revolta na Gávea seria uma suposta quebra de palavra do presidente Ricardo Teixeira. O acordo entre ele e Patrícia, pelo menos aos olhos do rubro-negro, era tácito.
Gerou desconfiança, portanto, o fato de a entidade anunciar a decisão enquanto ainda discutia com o Flamengo o que seria necessário para o reconhecimento do título de 1987. A dirigente se reuniu com Teixeira na semana passada e recebeu um representante da entidade no clube. A expectativa na diretoria carioca era de vitória, até porque Teixeira teria afirmado que faltavam no máximo dois documentos para que o rubro-negro ganhasse a taça.
;Apertei a mão do presidente da CBF e ele me disse que bastaria isso. Talvez, eles tenham acelerado a decisão quando descobriram que estávamos com posse desses documentos. Eu não quero acreditar, mas tudo leva a crer em retaliação;, disse Patrícia.
;O Flamengo cumpre com seus compromissos e considera essa atitude uma covardia. Eu vinha trabalhando em silêncio. Tive seguidas reuniões para saber que tipo de certidões precisaríamos e estive diretamente com Ricardo Teixeira. Conseguimos a ata da reunião (de 1997) do Clube dos 13, com todas as assinaturas, inclusive de São Paulo e Sport, reconhecendo o Flamengo como campeão. Vou buscar os documentos;, garantiu.
Sport contesta
O vice-presidente do Sport em 1997, Wanderson Lacerda, contesta a veracidade da ata da reunião do Clube dos 13 apresentada pela presidenta do Flamengo, Patrícia Amorim. Ela teria a assinatura do então mandatário do Sport, Luciano Bivar, reconhecendo o clube carioca também como campeão como condição para fazer parte do Clube dos 13. O dirigente, que representava o clube, nega que o clube pernambucano aceitou tal imposição. ;Em 1997, quando houve a reunião para aprovação destes quatro clubes (Sport, Coritiba, Portuguesa e Goiás) no Clube dos 13, o vice-presidente jurídico do Flamengo, Michel Assef, fez uma proposta para que o Sport abdicasse do direito de ser o campeão brasileiro em 1987. Imediatamente, propus minha retirada desta reunião. Foi quando Eurico Miranda se levantou e pediu a palavra, para me defender, ficando contra a proposta do Flamengo. Depois de Eurico, o presidente do Santos e o presidente Fábio Koff ficaram a favor;, completou
Teixeira convocado pelo Fla
Famoso por suas posturas radicais e apaixonadas, o presidente do Conselho Fiscal do Flamengo, Leonardo Ribeiro, convidou Teixeira para comparecer ao clube em 30 dias e esclarecer os fatos. Segundo o dirigente, o presidente da CBF, como sócio benemérito, infringiu o estatuto do rubro-negro ao agir contra os interesses do Flamengo. ;Se ele não comparecer, infringirá outro artigo e poderá ser excluído do quadro social;, informou Ribeiro, com o estatuto em mãos.
Fala, Kleber Leite
Fala, Patrícia Amorim