Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Crianças participam de competição com provas de velocidade e salto em distância

Na manhã desse sábado (14/03), cerca de 400 crianças de 9 a 12 anos se encontraram no Cief (Centro Interescolar de Educação Física) para participar do Festival Instituto Joaquim Cruz/Caixa de Altetismo 2010. Durante quatro horas, alunos de diversos núcleos atendidos pelo projeto Clube dos DescalSOS, da APAE e de instituições públicas do Distrito Federal, disputaram provas de atletismo. Além do salto em distância, a programação incluiu corridas de 50m, 75m, 400m, 600m e revezamento 2 x 50m.

Mais que competir e se divertir, as crianças presentes no festival puderam conhecer um pouco mais sobre o atletismo, uma modalidade olímpica que já trouxe muita alegria para o Brasil. ;O objetivo desse evento é primeiramente a integração. Mas queremos também mostrar o atletismo, os vários segmentos dessa modalidade e incentivar a prática dessa atividade, que está se perdendo no Brasil. Nas escolas quase não vemos mais o atletismo incluído na grade de Educação Física;, explicou o diretor técnico da Federação de Atletismo do Distrito Federal (FATDF), Alexsandro Saturlino Martins.

Segundo Ricardo Vidal de Oliveira, diretor executivo do Instituto Joaquim Cruz, as crianças na faixa etária dos 9 aos 12 anos ainda estão descobrindo o esporte. ;Poucos já tiveram contato com o atletismo. A maioria que está aqui (no Cief) está participando pela primeira vez. É uma oportunidade que elas têm de conhecer o esporte. Elas vão guardar isso para o resto de suas vidas. Quem gostar e quiser continuar já vai ter um ponto de referência, vai saber para onde ir. Quem não se interessar, ao menos vai levar essa experiência para toda a vida;, destacou Ricardo Vidal.

Pés descalços
A competição não foi cronometrada nem segregada. Pessoas com e sem deficiências corriam juntas. Quem chegava primeiro recebia os cumprimentos dos colegas e sabia que tinha sido o campeão. Ao fim, depois de tomarem um lanche farto oferecido pela organização do evento, todos ganharam medalhas.

Fernando Tales, 12 anos, foi o primeiro a cruzar a linha de chegada nos 600m masculino, a prova mais longa disputada. Ontem, ele resolveu deixar de lado o futebol para viver uma experiência inédita na sua vida. Fernando recebeu os parabéns e a admiração de seus amigos. ;É a primeira vez que eu corro. Vim para me divertir. Cansei muito, mas não desisti porque queria ser campeão;, disse o menino de pés descalços e ainda ofegante. ;Não machucou não. O tênis que eu trouxe era de molas e escorrega muito. Resolvi correr descalço mesmo;, justificou.

De acordo com Alexsandro Martins, com 12 anos é difícil avaliar se uma criança tem vocação para se tornar um grande atleta. ;Eles ainda são muito novos, não dá para identificar um possível talento. Mas temos vários treinadores de olho, que conversam com as crianças para trazê-las para o atletismo de uma forma lúdica, brincando;, argumentou o diretor técnico da FATDF.

Lilian Sandra de Sales Santos foi a segunda colocada nos 600m feminino. A garota de 12 anos, de pernas compridas e sorriso tímido, não sabe se um dia será uma grande corredora, mas já sonha em colecionar medalhas. ;Minha mãe corria e tem várias medalhas. Eu já tenho três; com a de hoje (ontem) são quatro. Gosto tanto do salto quanto de correr mesmo. Quero um dia ir para uma Olimpíada;, disse Lilian, moradora do Lago Oeste.

O medalhista de prata nos 10 mil metros nos Jogos Pan-Americanos (1995), Valdenor Pereira dos Santos, viu de perto as crianças correndo. A imagem da pista lotada, contudo, não trouxe lembranças de quando tinha a mesma idade. ;Infelizmente eu não tive essa mesma oportunidade. Isso que eles estão fazendo é muito bom. É importante promover a integração das crianças e iniciá-las cedo no esporte;, afirmou o atleta, que começou a correr aos 14 anos e, hoje, contabiliza 27 no atletismo. ;Esse evento é muito importante para divulgar o esporte e formar cidadãos, não só campeões. É claro que, se for um campeão, melhor. Mas primeiro você tem que ser um campeão na sociedade;, completou.

Sonho de mudar uma realidade
Depois de ser medalhista de ouro na prova de 800m nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, Joaquim Cruz começou a fazer trabalhos sociais, com crianças carentes, para transformar realidades desfavoráveis através do esporte. Para sistematizar seus objetivos, Joaquim Cruz fundou, em 2003, o IJC, uma entidade sem fins lucrativos.


Confira as provas disputadas

9 e 10 anos: 50m e salto
em distância
11 e 12 anos: 75m e salto
em distância

9 e 10 anos: 400m
11 e 12 anos: 600m

9 e 10 anos: revezamento 2 x 50m
11 e 12 anos: revezamento 2 x 50m