Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Leia a coluna do Tostão, desta quarta-feira, 10 de março

DESAPARECIMENTO Os desaparecimentos, por alguns dias, de Adriano, do Flamengo, e de Walter, do Inter, me fazem lembrar de alguns jogadores do passado, que sumiam e apareciam. Todos tinham um ótimo motivo. Era mais comum que hoje. Se Adriano é alcoólatra e/ou um doente com depressão, como falam, ele precisa de tratamento psicológico e médico, especializado, e não apenas de tapinhas nas costas, conselhos e filosofias de botequim. Algumas pessoas, de todas as áreas e de todos os níveis intelectuais, possuem desejos, por variados motivos, de desaparecer, se isolando ou não. Em algumas profissões, sumir é charmoso e prático. Muitos escritores desaparecem para escrever seus livros. Há ainda os que se isolam para refletir sobre suas vidas, verdades, finitudes e insignificâncias diante do mundo. Estou louco para ler o novo romance sobre o assunto, %u201CDoutor Pasavento%u201D, do escritor espanhol Enrique Vila-Matas, traduzido por José Geraldo Couto. Marcos quer também desaparecer dos gramados. Diz que será no final do ano. Uma das coisas mais difíceis para o ser humano é aceitar críticas e reconhecer sua decadência. Marcos é o contrário. Já que a maioria da imprensa não o critica e excede nos elogios a %u201CSão Marcos%u201D, ele, com sua conhecida franqueza e honestidade, colocou para fora todas suas atuais deficiências técnicas e físicas e ainda sua culpa pelos fracassos do time. Marcos exagerou. Ele não é mais o excepcional goleiro que foi, mas ainda é tão bom quantos os melhores que atuam no Brasil. LIBERTADORES Os cinco times brasileiros têm a mesma chance de vencer a Libertadores. Não estou em cima do muro. Sempre que um mineiro tem bom senso, o que muitas vezes não tenho, falam que ele não colocou a cara para bater. Não sou palpiteiro nem vidente. Sou um comentarista metido a entender de futebol. A chance de eu acertar o campeão da Libertadores é a mesma de a ciência saber onde e quando será o próximo terremoto. O Corinthians contratou vários bons jogadores, mas os melhores continuam sendo Elias, Jorge Henrique e Dentinho. No São Paulo, Ricardo Gomes tem muitas dificuldades para adotar o esquema que gosta, europeu, com duas linhas de quatro e mais dois atacantes. Os meias brasileiros não sabem e não gostam de atuar pelos lados, defendendo e atacando. O Flamengo, sem o Petkovic do Brasileiro e sem Adriano, perde muito. Adilson Batista tenta, há anos, no Cruzeiro, resolver o enigma de jogar com dois zagueiros e dois laterais bastante avançados, sem fragilizar a marcação. Jonathan atua mais no meio-campo e no ataque que na lateral. Para cobri-lo, Adilson desloca um volante para a direita. Cobre um setor e descobre outro. Como o Inter só joga o Estadual com os reservas, não dá para conhecer bem a equipe titular. No primeiro jogo, pela Libertadores, o time ganhou, mas jogou mal. Todos os técnicos e parte da imprensa gostam de dizer que o que vale é a vitória. Esquecem que o time que joga mal e ganha está próximo de perder várias partidas seguintes. Aí, discutem os motivos da má fase do time.