Rio de Janeiro ; O Vasco venceu os seis primeiros jogos do ano, com direito a três goleadas e ao artilheiro da Taça Guanabara, Dodô. O retrospecto impressionava: 17 gols marcados e apenas um sofrido. Responsável pela crise do Botafogo e favorito na final do primeiro turno, o cruzmaltino foi derrotado pelo rival alvinegro e ainda viu Dodô perder o posto de goleador para Vágner Love, do Flamengo. A equipe da Colina venceu ; com dificuldade ; os dois jogos da Taça Rio, mas abandonou o que tinha de melhor no início do campeonato: força ofensiva e futebol envolvente.
As jogadas de ataque ficaram manjadas e Dodô se isolou na frente, escondido na forte marcação que vem recebendo. Para o técnico Vagner Mancini, o fantasma da derrota para o Botafogo ainda assombra os jogadores, muito cobrados pelo jejum de títulos regionais. A taça do Estadual não vai para São Januário desde 2003. A crise no cruzmaltino é, para ele, psicológica.
;A perda do título gerou um certo desequilíbrio emocional. Alguns atletas sentem mais que outros. Estamos tentando detectar esse problema. Que a equipe está sentindo isso é notório. Precisamos trabalhar para que eles entrem mais ligados e confiantes. O Vasco não tem jogado bem. Estamos ganhando, mas com o futebol abaixo do que deve ser. Só não posso deixar de lembrar que nosso time tem seis pontos e é um dos líderes do campeonato;, argumentou Mancini.
Problema está na cabeça
Como Mancini apontou, o problema do Vasco é menos técnico e mais psicológico. O clube vem se reestruturando, voltou com moral da Série B, tem um bom patrocínio (da Eletrobrás, no valor de R$ 14 milhões por ano), uma equipe profissional no departamento de futebol e um time competitivo em campo. Detalhe: perdeu apenas um jogo no ano. Ainda assim, escuta vaias e protestos desesperados da torcida, que pediu a cabeça do técnico após a final. O desafio do Vasco é justamente controlar a sua própria ansiedade e a do torcedor por um título de expressão.
Capitão faz falta
Difícil apontar os motivos para a queda de rendimento, até porque o time é basicamente o mesmo desde o início do ano. Além da questão emocional, fica evidente a falta que Carlos Alberto faz à equipe, que perde em criatividade e ousadia do meio para a frente. Ele não é apenas o jogador mais importante taticamente, mas também tem liderança e orienta os companheiros. A queda de rendimento coincidiu justamente com a lesão no pé direito do meia. O camisa 19 jogou longe da melhor condição física no empate com o Fluminense, pela semifinal da Taça Guanabara, e na derrota para o Botafogo, na decisão.
Sem vaga garantida para o jogo com o Boa Vista, domingo, ele só volta se estiver 100%, segundo Vagner Mancini. Ontem, no entanto, ele treinou bem. ;Carlos é um opção interessante. Ele ;liga; os outros jogadores. A presença dele é muito importante, até por esses aspectos emocionais;, disse Mancini.
Análise tática
Vagner Mancini manteve o 4-4-2 do início do ano, mas fez algumas mudanças para tentar acertar os problemas táticos que a equipe apresentou. Com pouca força ofensiva pelas laterais, o técnico tirou Elder Granja e colocou Fagner pela direita. O jovem lateral é mais rápido e consistente no ataque. Isso na teoria, porque na prática pouca coisa mudou. Fagner tem um histórico de lesões e costuma demorar para recuperar a forma. Além disso, é pior defensivamente que Granja.
Sem Carlos Alberto, o treinador escalou o Vasco no 4-4-2 mais clássico que existe: com uma linha de quatro no meio ; dois volantes e dois meias ; e uma dupla de atacantes de origem na frente. Antes, o meio de campo tinha a forma de um losango.
Vagner Mancini ;à venda;
;Não sabe armar um time e anda perdido em campo.; Essa é parte da descrição do anúncio feito pela torcida do Vasco em um site de compra e venda de produtos na internet. O ;produto;? Vagner Mancini, técnico do cruzmaltino. Insatisfeitos com o rendimento da equipe, vascaínos resolveram fazer um leilão com o treinador. O valor inicial estipulado foi de apenas R$ 1,99
e, na descrição da venda, o vencedor ainda leva de brinde o zagueiro Dedé e o lateral-esquerdo Ernani.