Com os óculos pendendo do nariz, o técnico Joel Santana apoiou a sua prancheta na barriga durante boa parte da decisão da Taça Guanabara. Só abandonou o tradicional instrumento de trabalho para comemorar o título do Botafogo no gramado do Maracanã, enquanto era ovacionado por torcedores e jogadores.
"As pessoas falam de prancheta, de moda antiga, disso e daquilo. Mas é preciso me respeitar aqui dentro", afirmou Joel, sem conter as lágrimas. O treinador é habitualmente contestado por seu conservadorismo, mas continua a fazer sucesso no Rio de Janeiro.
Joel Santana assumiu o Botafogo em fase complicada, após uma goleada por 6 x 0 aplicada pelo próprio Vasco - vice-campeão neste domingo. Mas resgatou a confiança do elenco com muita conversa, surpreendendo os maiores rivais na reta final da Taça Guanabara.
"O segredo foi a auto-estima. Os atletas acreditaram no trabalho do profissional que chegou ao clube e têm seus méritos. Não faço nada sozinho", disse, enaltecendo bastante os seus comandados. "Fizemos uma partida quase perfeita."
Os jogadores retribuíram os elogios de Joel. Autor do primeiro gol do Botafogo na vitória por 2 x 0, o zagueiro Fábio Ferreira exaltou: "Ele é um paizão, que brinca com todo mundo e dá muita força para nós. O Joel provou mais uma vez que tem o pé quente".
Apesar da experiência, Joel Santana não escondeu que ficou muito emocionado durante todo este final de semana. Quase não conseguiu dormir antes da final contra o Vasco, mas recobrou a serenidade ao vibrar com o título da Taça Guanabara.
"Botem a mão no meu coração", ele pediu. "Está normal, não é? Graças a Deus, vencemos com sobras um grande adversário", festejou o campeão Joel Santana, já sem a sua prancheta.