Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Guerreiro volta para casa

Lutador brasiliense retorna depois de fazer desmaiar adversário no UFC 109. Atleta conversa com o Correio e dá detalhes de como foi o confronto com o norte-americano Mike Swick, em Las Vegas

Wagner Vargas De Brasília para o mundo. O lutador de Mixed Martial Arts (MMA) e soldado do Bope Paulo Thiago foi recentemente a Las Vegas (EUA) participar do Ultimate Fighting Championship (UFC) 109. Lá, ele enfrentou o norte-americano Mike Swick e fez bonito, vencendo o adversário, que acabou desmaiado diante da força do brasiliense. Competidor na categoria meio-médio, para lutadores de até 77kg, Thiago conquistou a 13; vitória em 14 lutas no MMA, a terceira em quatro no UFC. Novamente na capital federal e aproveitando alguns dias de folga antes de retornar à dura rotina de treinamentos, ele conversou com o Correio sobre o último triunfo, revelou os segredos da preparação para a luta e de um possível confronto com o campeão da categoria, Georges St-Pierre, que detém o cinturão e precisa pô-lo em jogo em breve. Confira a entrevista: Como foi a luta com Mike Swick? Já tinha estudado o jogo dele. É um lutador perigoso em cima, que troca bem. Ele sempre vinha com muita agressividade, com sequências grandes de golpe. Treinamos isso para tentar pegá-lo no contra-ataque e deu certo. Ele me acertou um golpe e achou que eu tinha sentido. Dei uma recuada e consegui acertar dois nele. Ele caiu e, quando abaixei para tentar dar mais um soco, ele se encolheu e ficou em uma posição forte da nossa academia de jiu-jitsu. Todo mundo faz bem. Aí foi rápido. E ele acabou desmaiando. O que houve, não deu tempo dele bater? Não sei se ele estava meio tonto por ter caído ou se a posição estava muito forte. Eu nem percebi ele apagando. Você já tinha visto outras lutas dele? Ele estava mais bem ranqueado do que eu. Tinha mais lutas no UFC e mais nocautes na carreira, então era um adversário perigoso. O apelido dele é Mike ;Quick; Swick por ser um cara rápido e versátil. Estudamos muito para parar esse ímpeto quando ele viesse com os ataques rápidos. E o público em Las Vegas te impressionou? Já foi minha quarta luta no UFC, então estou me acostumando. Todas as lutas são no mesmo padrão, com casa cheia, cerca de 20 mil pessoas, mas na hora a gente se concentra ali e não liga muito. E o treinamento? Como foi sua rotina antes de enfrentar o Mike? Treino de segunda a sábado, em torno de seis horas por dia. São três treinos diários. No meio da preparação fui para o Rio de Janeiro e fiquei duas semanas lá, em uma academia boa, repleta de caras top e que estão lutando fora. No Rio você treinou com o Anderson Silva. Como foi essa experiência? Foi bom. Ele me ensinou várias coisas. É um cara que tem muitos anos na minha frente. Tem uma bagagem boa e me ajudou em vários detalhes. Foi bastante proveitoso. E quais são os planos para o futuro? Estou esperando o UFC entrar em contato e daqui a pouco volto aos treinos. Vou tirar uma semana e depois retorno para ajudar os companheiros aqui da equipe que vão lutar em outros eventos. Você continua em Brasília então? É, nada mudou, tudo piorou (risos). Com certeza vou enfrentar um adversário duro na próxima e tenho que estar preparado. Falando em adversários, quem são os principais rivais na sua categoria (meio-médio)? É uma das categorias mais concorridas. Está cheio de caras bons, mas acho que na ponta já lutei com vários. Jon Fitch, Josh Koscheck, o brasileiro Thiago Pitbull, o inglês Paul Daley, Dan Hard, que vai disputar o cinturão contra o campeão Georges St-Pierre, Anthony Johnson. Josh seria seu adversário em Las Vegas. A mudança chegou a atrapalhar? Não, eu estava treinando forte para enfrentar um cara duro e o Mike Swick também é. Só mudou alguns ajustes. O Mike é mais alto, então joga um pouco diferente. Mudamos um pouco a estratégia, mas quando fui avisado ainda estava mais na parte física do que na técnica, na transição, então deu tempo de organizar o treinamento. Você se sente preparado para enfrentar Georges St-Pierre? Ainda não. Acho que preciso fazer mais algumas lutas antes de encarar o St-Pierre. Enfrentá-lo está nos meus planos, mas o UFC vai saber a hora certa de me chamar. Como você avalia o momento do MMA no Brasil. É um esporte que vem crescendo? Tem tudo para despontar aqui, assim como no resto do mundo. Nos EUA é o esporte número um em vendas de pay-per-view. Já bateu o Super Bowl e a NBA. Tomara que aqui no Brasil a gente coloque o MMA no mesmo caminho. Já temos alguns empresários enxergando com outros olhos, tirando aquela ideia de que é violento, coisa de bandido. Só tem a crescer aqui. Além de lutar, você é soldado do Bope. Pretende continuar conciliando as profissões? Pretendo sim. Sempre fui soldado da PM. Lá todo mundo me apoia, me ajudam no que eles podem com treinos, estrutura, sempre fazendo o que está no alcance deles. Todo mundo é fã de luta e vou levando a vida. Está tranquilo. Cinturões verdes e amarelos Na categoria médio, para lutadores de até 84kg, e na meio-pesado, até 93kg, o Brasil está no topo do UFC. Na primeira, Anderson Silva é o atual detentor do título, enquanto na outra, o compatriota Lyoto Machida é o melhor. Ao lado do Brasil, os Estados Unidos também detém dois cinturões: na categoria leve (até 70kg) com BJ Penn, e na pesado (até 120kg) com Brock Lesnar. Já na categoria de Paulo Thiago, o atual campeão é o canadense Georges St-Pierre. Único algoz Com um recorde quase perfeito, Paulo Thiago só contabiliza uma derrota em 14 lutas. E foi justamente contra Jon Fitch, em 11 de junho de 2009, no UFC 100, também em Las Vegas. Naquela ocasião, Thiago não foi nocauteado pelo adversário. A luta foi para a decisão da arbitragem, que acabou decidindo de forma unânime a favor de Fitch. Antes de enfrentar Mike Swick, no entanto, o brasiliense havia conseguido outra vitória, no UFC 106, em 21 de novembro, contra o também norte-americano Jacob Volkmann.

Confira vitória do brasiliense Paulo Thiago, policial do Bope, em luta realizada em Las Vegas