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Costa do Marfim usa time ofensivo, domina Burkina Faso, mas mostra que finaliza mal quando Drogba não está inspirado

As seleções africanas têm fama de serem abusadas em Copa do Mundo. Portanto, se o técnico bósnio Vahid Halilhodzic adotar contra o Brasil, em 20 de junho, o 4-3-3 utilizado ontem no empate por 0 x 0 contra a fraca Burkina Faso, prepare-se para fortes emoções. O indefinido camisa 6 verde-amarelo e os volantes Gilberto Silva e Felipe Melo terão muito trabalho, nós e o goleiro Júlio César tomaremos muitos sustos, mas Dunga e sua trupe só não deixarão os Elefantes mansinhos na África do Sul se calçarem um salto do tamanho do usado pela Costa do Marfim durante a estreia na Copa Africana.

Os 90 minutos e os acréscimos da exibição marfinense foram um ataque contra defesa. Os campeões continentais de 1992 golpearam insistentemente pela direita, com o lateral Eboué (Arsenal). Atônita e acuada em seu campo de defesa, Burkina Faso pedia a Deus para o jogo acabar.

Ousado, o adversário do Brasil mostrou uma faceta diferente do convencional. Em vez do 4-4-2, Vahid Halilhodzic escalou três atacantes: Drogba (Chelsea), Gervinho (Lille) e Bakari Koné (Olympique de Marselha). O trio infernizou Burkina Faso com uma correria desenfreada, trocas de posição constantes, tabelas envolventes e algumas firulas desnecessárias. Gol que é bom, nenhum.

Talvez, a justificativa esteja em um fundamento no qual as seleções africanas ainda pecam: as péssimas finalizações. A má pontaria de Gana foi aliada do Brasil nas oitavas de final da Copa de 2006, na Alemanha, e pode ser novamente em 2010 se a Costa do Marfim não colocar os pés na forma até lá.

Poucos jogadores no continente africano têm a categoria do camaronês Eto;o, do togolês Adebayor ou o próprio Drogba para arrematar o gol com sabedoria. Quando quem sabe um pouco mais não está em um dia inspirado, ocorre o que se viu ontem, em Cabinda. Um festival de desperdícios. Bakari Koné, por exemplo, poderia ter sido o nome do jogo, mas errou tanto que foi sacado para a entrada de Kalou, do Chelsea. Aflito, Vahid Halilhodzic acrescentou mais dois atacantes ; Dindane e Keyta, mas não apareceu um pé iluminado para colocar a bola no fundo da rede de Burkina Faso.

Resultado: como o Grupo B só tem três países após a desistência de Togo, vítima de um atentado das Forças de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), na qual morreram o assessor de imprensa e o auxiliar técnico da seleção, a favorita Costa do Marfim corre o risco de ser eliminada na primeira fase. o duelo do dia 15, contra Gana, será uma final. Quatro dias depois Gana enfrenta Burkina Faso.

Drogba culpa atentado
Chateado com o resultado, o capitão da Costa do Marfim atribuiu a falta de gol ao estado de guerra vivido em Cabinda. Horas antes do jogo, o técnico Vahid Halilhodzic revelou que a estrela do Chelsea tinha sido ameaçada de morte. ;Depois de tudo o que aconteceu com Togo nos últimos dias é impossível ter o mínimo de concentração para jogar;, desabafou Drogba. ;Não esquecemos do que aconteceu, mas temos cartas na manga para derrotar Gana e avançar na competição;, avisa o craque.

Prisão
A polícia de Cabinda anunciou ontem que três suspeitos do ataque foram presos. Dois rebeldes separatistas do estado angolano que assumiram a autoria dos ataques foram capturados. As prisões foram realizadas perto do local do atentado, na estrada de Massabi, que liga Angola à República do Congo, dentro de Cabinda.