Jornal Correio Braziliense

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Equipe do DF treina forte para o Rally Cerapió

A bagagem de cada um é diferente, mas o desafio será o mesmo: pedalar em média 430km durante quatro dias sob o sol forte e o calor do Nordeste. Os candangos Abraaão Azevedo, Ronan Galvão, Nelson Gomes, Ailton Santos e Carlos Onofre acertam os últimos detalhes para a prova de mountain bike do Rally Cerapió, de 25 a 30 de janeiro, entre Fortaleza (CE) e Parnaíba (PI). "Eles (organizadores da prova) sempre erram no cálculo da distância. Estamos preparados para isso. Se dizem que o percurso é de 60 km, na verdade tem 70 a 80km. No ano passado, segundo o roteiro, eu já estava na chegada, quando na verdade ainda precisava pedalar mais 10km", lembra Nelson Gomes. Em sua quinta participação na prova, Abraão transmite segurança aos colegas iniciantes Ronan e Carlos e recorda a experiência do último ano com Ailton e Nelson. "Cerapió é uma prova de estratégia. É muito diferente do que estamos acostumados aqui em Brasília. Além do calor ser forte e o sol castigante, a areia e o vento aumentam o grau de dificuldade da prova. A sensação de pedalar na areia é de desperdício de energia. Você anda, anda, anda e parece que não saiu do lugar", conta. "O sofrimento é bom. São quatro dias de superação. A gente ganha porque é corajoso, porque é do cerrado. Muitos estrangeiros participam. No ano passado teve um alemão que me deu trabalho, mas consegui superá-lo", complementa Ailton. Suíça cearense Além do sol e do calor os atletas irão encarar a cidade mais fria do Nordeste. Conhecida como a "Suíça Cearense", a serra de Ibiapaba aumenta a sensação de desafio dos participantes. "Essa transição de temperatura é cruel. Na última prova fiquei preocupado. Estava tão quente que tomei cinco litros de água e não fiz uma gota de xixi. Pensei até que estivesse com problema nos rins, mas o médico me tranquilizou dizendo que o calor era tão grande que toda a água saía na transpiração. Durante a prova, mesmo fugindo para a sombra você não dá conta do calor e de repente esbarra no frio", relata Nelson. "No segundo dia, pensei em parar. Pedalava um pouco no asfalto e depois corria para o mato para aliviar o calor. Estava tão quente que o calor batia no chão e parecia nos cozinhar". Mesmo com treinos independentes, os cinco aproveitam as pistas do DF para simular a prova. Entre os trechos favoritos estão os do Altiplano Leste e da Fercal, próximo a Sobradinho. "A Fercal é onde tem o maior número de trilhas desafiadoras. Mas ainda assim, sei que não tem nada parecido com o que encontraremos em Cerapió", avalia Carlos. "Meu maior estímulo para participar são os amigos e a superação. Dizem que quando você termina é uma realização", acrescenta o também estreante Ronan.