Cerca de 2 mil agentes e delegados da Polícia Federal começam no início do ano a receber um treinamento especial para atuarem na segurança da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Apesar de estar quatro anos distante da competição, a PF criou um grupo voltado exclusivamente para o evento, que tem entre suas atribuições a fiscalização de empresas de segurança privada que trabalharão no interior dos estádios onde as partidas serão realizadas. Como ocorreu nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, a garantia da ordem será feita em conjunto com as polícias dos 12 estados cujas capitais sediarão a Copa.
Segundo o coordenador-geral da Defesa Institucional da PF, Sebastião Moura, apesar de a data da Copa ainda estar distante, a Academia Nacional de Polícia (ANP) ficará praticamente à disposição do grupo criado na corporação para tratar da segurança do evento. "Serão treinamentos de 15 disciplinas diferentes, principalmente voltadas para a proteção de chefes de estado. Será um dos cursos mais amplos nessa área", afirma Moura. O delegado ressalta que outros tipos de ações serão desenvolvidos ao longo dos próximos quatro anos, inclusive na área de inteligência.
Em anos anteriores, nos grandes eventos ocorridos no país, a coordenação da segurança era de responsabilidade das Forças Armadas, como ocorreu na Eco-92 - reunião de chefes de estados que discutiu o meio ambiente -, realizada no Rio de Janeiro. Porém, com a criação da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), a tarefa passou a ser feita pela área civil do governo, reunindo todos os órgãos de segurança, integrantes do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e as forças estaduais.
Isso começou a ocorrer nos Jogos Pan-Americanos, no qual a Polícia Militar do Rio de Janeiro, a PF e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) conseguiram manter a ordem pública. O trabalho realizado foi basicamente de monitoramento da criminalidade na capital fluminense, que não chegou a provocar grandes incidentes durante a competição.
Preocupação
A atuação da Polícia Federal também não será restrita ao grupo especial em treinamento. "Durante a Copa de 2014, nosso efetivo (hoje em torno de 13 mil homens) ficará praticamente à disposição do evento", afirma o delegado.
O Rio continua sendo a maior preocupação das autoridades de segurança, por causa dos constantes enfrentamentos entre a polícia e os criminosos. Mas o fato de a Copa de 2014 ser realizada em outras 11 capitais, diminuiu o temor. "Teremos jogos de Porto Alegre a Manaus, e não haverá uma centralização no Rio, como aconteceu no Pan-Americano. Isso é bom, mas o Rio sempre inspira cuidados", explica Moura.
Apesar de usar o seu serviço de inteligência também nos estádios, nem a PF nem as PMs atuarão diretamente na garantia da ordem no interior das arenas. A tarefa será de empresas privadas contratadas diretamente pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), mas a fiscalização das firmas caberá à Polícia Federal.