Jornal Correio Braziliense

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Em busca do 'impossível', Phelps mira novos objetivos

Em 1997, Michael Phelps era um garoto de 12 anos que tinha Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e dava muito trabalho em sua escola em Baltimore, no estado de Maryland. Por isso, chegou a ouvir de uma de suas professoras que "nunca atingiria nada na vida". Aquelas palavras se tornariam um divisor de águas para o norte-americano, que desde então se dedica a provar que coisas que pessoas definem como "impossível" não o são. "Eu me lembro do modo como me senti", afirmou Phelps, recordando a infância em entrevista publicada pelo jornal The Times nesta terça-feira. "Eu comecei a nadar seriamente e esses comentários pareciam queimar dentro de mim. Por causa da síndrome TDAH, eu era meio que um intruso na escola, mas disse a mim mesmo: 'Você pode pensar o que quiser, mas vou provar que está errada'", emendou. Depois de 11 anos, o atleta se viu em uma situação parecida. Quando divulgou que seu objetivo nas Olimpíadas de Pequim seria quebrar o recorde de sete medalhas de ouro de Mark Spitz, viu o ex-nadador australiano Ian Thorpe, pentacampeão olímpico, afirmar que isso parecia "impossível". Para reagir, Phelps não teve dúvidas: fixou o comentário em seu vestiário nos Estados Unidos e leu as declarações todos os dias até embarcar para a China. "Quando duvidam de mim, ganho uma imensa motivação", comentou. "É como se a negatividade fosse o combustível que me leva à água dia após dia. Quero mostrar que posso atingir coisas que consideram impossível. A primeira vez foi com a professora, mas agora navego na internet procurando por algo que as pessoas acham que não vou conseguir. Pode ser competidores, jornalistas, qualquer coisa". Dono de 14 medalhas de ouro olímpicas e 21 em Mundiais, quais bocas ainda restam para Phelps calar ou o que faltaria para desafiar no futuro? Algumas metas que ele já estabeleceu e escreveu em um papel. "Mas não vou contar para ninguém ainda. Nem minha mãe sabe. Só Bob (Bowman)", disse, em referência a seu técnico de longa data. Apesar do mistério, o diário The Times indicou que os novos objetivos passam pelas provas consideradas mais nobres da natação, como os 100 metros livre, na qual encararia o brasileiro Cesar Cielo. No último Mundial, em Roma, o norte-americano já descartou cumprir algumas distâncias mais longas, como os 400 metros medley, por exigirem demais fisicamente, e se focou nas mais curtas. Já pensando nos Jogos de Londres, ele desde novembro vem se apresentando nas piscinas sem o supermaiô que será banido a partir de 2010. Por isso, acredita já sair na frente dos concorrentes em termos de preparação. "Tudo que acontecer entre hoje e 2012 tem a ver comigo dando meu melhor para as Olimpíadas. Começar o mais cedo possível com os novos trajes foi algo óbvio", encerrou ele, que no último fim de semana competiu no Duelo das Piscinas, em Manchester, de bermuda.