Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Presidente da CBAt contesta Jadel e se dispõe a pagar do bolso

Medalha de prata no Mundial de Osaka-2007, o triplista Jadel Gregório vive e treina na Inglaterra há quatro anos. Insatisfeito com a decisão da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) de não oferecer apoio financeiro para a moradia de atletas no exterior, ele esbravejou contra os responsáveis pela medida em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Ouvido pela GE.Net, Roberto Gesta de Melo, presidente da entidade, contestou o atleta e se dispôs a contribuir com dinheiro do próprio bolso. "Quando eu assumi a Confederação Brasileira de Atletismo no ano de 1987, não havia recurso de nenhuma origem. As empresas minhas e do meu pai contribuíam e já ajudamos vários atletas. Se por acaso não houver outra forma, eu farei tranquilamente", declarou o mandatário da CBAt. Em preparação para o Mundial Indoor de Doha, Jadel precisaria, de acordo com os cálculos de seu staff, de R$ 3,5 mil mensais entre dezembro de 2009 e março de 2010, mês da competição no Catar. Questionado se a ajuda com recursos próprios ao triplista não poderia provocar pedidos de outros atletas, Gesta justificou. "Se eu puder, eu atendo, depende das circunstâncias. O problema do Jadel é que ele está sem clube e é um atleta que pode ganhar medalha, sem dúvida. Não é porque ajudamos uma pessoa que temos que ajudar a humanidade inteira. Depende das nossas possibilidades no momento. Ele está em preparação, é um grande atleta, um dos melhores do Brasil, e pode obter resultados expressivos", disse. Apontado como favorito nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, Jadel Gregório terminou apenas na sexta colocação. No Mundial de Berlim-2009, o brasileiro também chegou como um dos cotados ao pódio, mas ficou no oitavo lugar. O presidente da CBAt, no entanto, preferiu não comentar os resultados recentes do triplista nas duas maiores competições. "Sou responsável pela parte burocrática, não posso analisar do ponto de vista esportivo. Não tenho conhecimento para isso", disse. Em seguida, no entanto, Gesta se permitiu apostar em Jadel no Mundial Indoor que será realizado no Catar em 2010. "Como leigo, a meu ver ele é o melhor atleta de salto triplo do mundo. Ele pode ser campeão em Doha, não vejo nada impossível. Ele deveria centralizar as atenções dele nisso neste momento", declarou o dirigente. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o triplista se disse na melhor forma de sua carreira. Além de elogiar o brasileiro, o presidente da CBAt justificou a medida de não apoiar financeiramente os atletas que vivem e treinam no exterior, decisão votada por 79,4% dos 136 dirigentes, atletas e técnicos que participaram do Fórum promovido pela entidade na última semana, em São Paulo. De acordo com o presidente, a reclamação em torno da situação particular de Jadel, que se diz o único atleta brasileiro a treinar no exterior e teve suas despesas de moradia bancadas pela CBAt entre 2006 e 2008, partiu de outros competidores. "Ele já recebe R$ 6 mil mensais pelo programa de Apoio a Atletas de Alto Nível. Essa verba é destinada à manutenção do atleta e suas despesas. Foi alegado pelos outros competidores que se ele também receber um valor pela moradia caracterizava duplicidade. Os atletas que vivem no Brasil estariam sendo penalizados, já que mesmo vivendo aqui eles também têm que arcar com despesas obrigatórias de moradia", explicou Gesta. Ao tomar conhecimento da medida tomada no Fórum, Jadel enviou um e-mail à CBAt para manifestar sua insatisfação. Ainda durante o encontro em São Paulo, Gesta reuniu os medalhistas olímpicos Joaquim Cruz, Maurren Maggi, Nelson Prudêncio, Robson Caetano, Arnaldo de Oliveira Silva, Edson Luciano Ribeiro, Vicente Lenilson de Lima e Cláudio Roberto Souza, além de seus treinadores, para deliberar sobre o assunto novamente, mas todos reiteraram a decisão anterior. A esposa, o sogro, o manager e representantes dos dois patrocinadores particulares do triplista estavam presentes. Jadel ainda reclamou da inexistência de uma "pista adequada para treinos" e da falta de estrutura para trabalhar no Brasil. Gesta, por sua vez, assegurou que a CBAt disponibiliza centros em boas condições nas cidades de Uberlândia, Fortaleza e Belém, além de dizer que o triplista poderia usar o Pinheiros, seu ex-clube, e citar o exemplo de Maurrem Maggi, ouro no salto em distância em Pequim. "Ela foi campeã olímpica treinando no Brasil", declarou.