Jornal Correio Braziliense

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Inter sente gosto do título por uma hora, mas se contenta com o vice

A mistura do vermelho do Inter com o azul do Grêmio resulta no roxo. Essa é a cor da magia. O que ocorreu na última rodada do Campeonato Brasileiro foi a pura magia, daquelas que só o futebol pode proporcionar. Porém, faltou um pouquinho para ela realizar o impossível na competição. [SAIBAMAIS]Não bastava vencer o Santo André como aconteceu. O 4 x 1 aplicado sobre o Santo André, no Beira-Rio, era metade da tarefa para a conquista do tetra. A outra parte era mais difícil. O Grêmio, mesmo com reservas, honrou o azul de sua camisa. Defendendo a cor da nobreza, quase ajudou o maior rival. Mas acabou sendo derrotado por 2 x 1 para o Flamengo, deixando os cariocas celebrando a conquista de mais uma taça. O roxo também é a cor da dor vista na face dos quase 40 mil colorados que foram ao estádio. O Grêmio chegou a sair na frente. O Inter esteve campeão por pouco mais de uma hora. Esse é o terceiro vice do clube no Brasileirão nesta década. O segundo lugar havia sido alcançado em 2006 e 2006. O Inter matou o jogo no primeiro tempo, com gols de Alecsandro e Índio. No segundo, Andrezinho, cobrando falta, ampliou. Ao Santo André resta disputar a Série B em 2010, lamentando as despedidas de Fernando e Marcelinho Carioca do futebol. O jogo O nervosismo colorado era visível. Ele estampava-se no rosto de Danilo Silva. O lateral começou cometendo erro bobo, dominando a bola com a mão na frente da área, logo aos 3 minutos. A cobrança de Marcelinho foi imperfeita, não arrefecendo o humor do torcedor na arquibancada, nem a vontade do time. Porém, os erros se proliferavam. Sandro errou na saída de jogo. Passes precipitados ocorriam. Mesmo assim o Santo Andre não conseguia se impor, mantendo a tática de esperar o adversário. Taison, sem marcar há um turno, ganhou chance como titular. Na sua escalação, ele via a chance de terminar o ano do mesmo modo que havia iniciando, com boa atuação. O camisa 7 estava impetuoso pelo lado esquerdo. Puxou contra-ataques e arriscou de longe, mas a mira seguia avariada. Seu companheiro de ataque, Alecsandro, também, não vivia grande momento. Eram sete jogos sem gol. A seca poderia ter acabado aos 13 minutos, quando ele colocou a bola na rede, mas em posição de impedimento, o gol foi anulado. Com o time mais calmo em campo, a torcida começava a demonstrar nervosismo. Aos 20 minutos ela explodiu, transformando o nervosismo em esperança. O Inter estava no ataque, mas o gol ocorreu no Rio de Janeiro. Incrivelmente era do Grêmio. A comemoração prosseguia quando Alecsandro voltou a ir às redes, dessa vez valeu. O impossível virou realidade. Naquele momento os colorados estavam com a mão no tetra. Até uma camisa gremista apareceu na social do Beira-Rio. O Inter cresceu. Passou a pressionar mais. Porém, o ímpeto logo foi diminuindo. Os sentidos dos jogadores pareciam conectados ao Maracanã, pois o Flamengo havia empatado. O Santo André precisou trocar o goleiro Neneca, lesionado, por Júlio César. Nas arquibancadas apenas murmúrios. Os gritos de incentivo tinham desaparecido. Era aquele silêncio anterior a quando algo importante está para ocorrer. Ocorreu aos 33 minutos, quando Taison escorou para Índio ampliar. A partida estava decidida. O Inter passava a pensar só no Rio. Sua parte da tarefa estava realizada. Tentando se manter na elite, o Ramalhão especulava de fora da área. O único chute que foi ao gol saiu aos 44 minutos, quando Marcelinho arrematou e Lauro espalmou. No segundo tempo, o melhor amigo do torcedor que foi ao Beira-Rio era o radinho de pilha. A angústia era o sentimento a cada vez que o Flamengo atacava. Na frente da torcida, o Inter sofreu uma pressão nos primeiros minutos. A partir dos 8, os colorados voltaram a exercer superioridade. Oram duas oportunidades consecutivas foram criadas. Primeiro com Danilo Silva e depois com Alecandro. As defesas do goleiro Marcelo Grohe, do Grêmio, mereciam tanta vibração quando as duas que Lauro fez evitando o gol do Santo André, aos 14 minutos. O clima de expectativa foi quebrado com Andrezinho. Como contra o Sport, ele cobrou falta com maestria aos 22 minutos, colocando a goleada no placar. Nem mesmo a bola na trave na saída da bola, calou a torcida. O Beira-Rio trepidava. Nem mesmo o segundo gol do Flamengo diminuiu a festa. Não era a comemoração de um título, mas o reconhecimento do dever cumprido na última rodada. O Inter sentiu o sabor doce do tetra por uma hora e dez minutos. O torcedor passou a ficar mais preocupado com o que ocorria no Rio. Vibrava com os lances ofensivos do Grêmio. Enquanto esperava o desenrolar no Maracanã, Taison cruzou para Giuliano maçar o quarto, de cabeça. O Santo André ainda descontou com Nunes, de pênalti. Após o término do jogo, os colorados seguiram inertes no estádio até o fim do jogo do Flamengo.