A reunião entre membros da Agência Mundial Antidoping (WADA) e dirigentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que foi realizada na tarde desta quinta-feira no Rio de Janeiro, teve fortes críticas dos representantes da WADA ao Ladetec, principal laboratório que realiza exames antidoping no país.
Segundo os diretores da Agência, a forte burocracia que envolve os testes realizado no país e as dificuldades impostas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para a importação de substâncias utilizadas durante os testes são as principais queixas. Por conta desses problemas, há o risco do Ladetec ser descredenciado pela WADA.
O assunto preocupa o governo, já que a existência de um laboratório no Brasil credenciado pela WADA é requisito para que o país organize a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Caso o descredenciamento do Ladetec se confirme, os dois eventos correm risco de não ocorrer.
Para evitar que isso aconteça, o Brasil já anunciou mudanças no sistema de exames. O laboratório passa agora a ser controlado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e receberá verbas governamentais. "Sempre defendi que essa questão de combate ao doping fosse liderada pelo governo federal, como acontece em outros modelos", explicou Eduardo de Rose, médico responsável pela área de doping do COB. "Com isso, os custos dos exames realizados pelo Ladetec deverão cair, já que o laboratório deverá passar a ser subsidiado através da UFRJ", complementou.
A transferência de responsabilidade faz parte da transformação da Agência Brasileira Antidoping (ABA), criada pelo Comitê Olímpico Brasileiro, em Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), controlada pelo governo federal, por intermédio do Ministério do Esporte.
Outro ponto negativo avaliado pelos representantes da WADA: os diversos casos de doping registrados no esporte brasileiro em 2009. "O aumento de casos no mundo está diretamente ligado ao aumento do número de controles. Fizemos 100 mil controles em 2003 e em 2008 passamos a 275 mil. Hoje o controle que fazemos é prioritariamente orientado, o chamado controle inteligente", concluiu De Rose.