As pedras no caminho não incomodavam o escritor Fernando Sabino. Ele dizia que delas, ele construiria um castelo. Se com Celso Roth for assim, ele erguerá um castelo vermelho. O domingo fechou a quinta derrota do ano do treinador para o Inter - três pelo Grêmio e duas pelo Atlético-MG. O triunfo colorado pela 36; rodada do Campeonato Brasileiro deixou os gaúchos próximos de uma vaga na Libertadores e manteve a esperança de título.
O 1 x 0 aplicado no Mineirão tem o valor de um diamante raro para o Inter. O clube alcançou a terceira colocação no Nacional, ficando a três pontos do líder São Paulo. Pela frente, o time tem dois ocupantes da zona de rebaixamento. Primeiro o Sport, fora, e depois, na última partida do ano, o Santo André, em casa. Uma vitória na Ilha do Retiro pode dar por antecipação uma vaga na principal competição da América do Sul.
Mário Sérgio achava que a partida seria decida nos 90 minutos. Mas seu time resolveu o problema aos 15 do primeiro tempo, quando Giuliano foi às redes. Depois do gol, o Inter se defendeu bravamente. Se portando como uma rocha na frente do gol nada passou e a preciosa vitória foi conquistada.
A derrota não pode servir de desespero para o Atlético-MG. Estacionado com 56 pontos na tabela, o Galo enfrenta o Palmeiras na próxima rodada. O Verdão é dono da quarta colocação, três pontos a frente do Galo. Uma vitória mineira deixa o clube no G-4. É a chance de Roth colocar uma pedra preciosa para decorar o seu castelo avermelhado.
O jogo
A repetição de time fez bem ao Inter. Mostrando segurança em campo, a estratégia armada começou a ser cumprida logo após o apito inicial. Em um jogo com bastante desarmes, os colorados conseguiram ser mais agudos nas primeiras movimentações da partida. Tendo por mais tempo a bola nos pés, o time gaúcho esteve mais presente no campo do adversário do que o Atlético-MG no seu.
O Galo abusava da bola longa, facilitando o trabalho da defesa vermelha. A equipe de Mário Sérgio segurava Danilo Silva pelo lado direito da defesa, possibilitando um avanço constante de Kleber pela esquerda. Foi por este lado que saiu o gol, logo aos 15 minutos. Após cobrança rápida de falta, Alecsandro recebeu na área e encobriu o goleiro, caprichosamente a bola tocou a trave, aumentando o jejum do centroavante para seis jogos, mas na volta, ela encontrou Giuliano que tocou para o gol.
Programado para defender, sair na frente se encaixava com a configuração de jogo proposta pelo Inter. Os visitantes tentaram se aproveitar do nervosismo do Atlético. Em desvantagem, os mineiros se abriram, os laterais Carlos Alberto e Thiago Feltri se soltaram. Os gaúchos passaram a atuar com os onze jogadores em seu campo a espreita de contra-ataque perfeito. Ele não apareceu, mas o sistema defensivo esteve perfeito, se mostrando sólido como uma rocha e deixando a torcida impaciente nas arquibancadas do Mineirão. O máximo que o Atlético conseguiu foram dois chutes de fora da área.
A compactação colorada extinguiu os lances de velocidade de Tardelli e Éder Luis. Aos 32 minutos, Carlos Alberto precisou ser substituído por Evandro, após fraturar o nariz em divida pelo alto com o goleiro Lauro. Os donos da casa foram entrar na área do oponente somente nos acréscimos, em chute cruzado de Éder Luís.
O Inter voltou ainda mais fechado para o segundo tempo, com o volante Glaydson no lugar de D;Alessandro. Se Taison, que entrou no lugar do lesionado Alecsandro, tivesse convertido a oportunidade que teve aos 20 segundos e terminado com uma seca que dura o segundo turno todo, os colorados não precisavam de mais nada nos 45 minutos finais. Porém, o chute saiu desviado.
A partida passou a ser disputada em metade do gramado. Por vezes, os donos da casa encurralavam os oponentes, que não conseguia mais tocar a bola, nem sair em velocidade. Em determinados momentos, o Inter tinha nove defensores dentro de sua área, tamanha era a retranca. O Galo não conseguia a finalização. Pelo alto, os cruzamentos não achavam uma cabeça atleticana sequer.
Após os 20 minutos, a pressão dos anfitriões arrefeceu. Taison teve a segunda grande oportunidade da etapa final. Frente a frente com Carini, o camisa 7 bateu para defesa do goleiro uruguaio. O Atlético ainda tentou de todas as formas, mas não criou uma boa situação para marcar sequer e Roth colocou mais uma pedra vermelha no seu bolso em 2009.
FICHA TÉCNICA - ATLÉTICO-MG 0 x 1 INTERNACIONAL
Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 22 de novembro de 2009, domingo
Horário: 19h30 (de Brasília)
Árbitro: Cléber Wellington Abade (SP)
Assistentes: Émerson Augusto de Carvalho (Fifa) e Vicente Romano Neto
Cartões amarelos: Carlos Alberto e Márico Araújo (A); Danilo Silva, Lauro, Guiñazu, Glaydson e Kleber (I)
GOL: INTERNACIONAL: Giuliano, aos 15 minutos do primeiro tempo
ATLÉTICO-MG: Carini; Carlos Alberto (Evandro), Welton Felipe (Alex Bruno), Werley e Thiago Feltri; Jonílson, Márcio Araújo, Correa e Ricardinho; Diego Tardelli e Éder Luís (Alessandro)
Técnico: Celso Roth
INTERNACIONAL: Lauro; Danilo Silva, Índio, Bolívar e Kleber; Sandro, Guiñazu, Giuliano, D;Alessandro (Glaydson) e Marquinhos (Andrezinho); Alecsandro (Taison)
Técnico: Mário Sérgio