A sugestão veio já no fim das mais de duas horas de audiência pública, na Câmara dos Deputados, que tinha por objetivo esclarecer o andamento do projeto para as Olimpíadas do Rio-2016. ;Eu queria aproveitar a oportunidade para dar uma ideia. Na Argentina, eles estão aprovando uma lei que destinará 1% de toda a telefonia para o esporte. A previsão é que isso gere US$ 60 milhões ao ano. Por que não copiamos?;, propôs o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman. Logo em seguida, ele enfatizou que o dinheiro não seria exatamente para o COB, mas que a entidade deveria ter uma parte. O dirigente argumenta que a loteria, atual fonte de renda por meio da Lei Agnelo/Piva, em breve estará tirando recursos do apostador. ;Precisamos ampliar o leque de opções;, concluiu.
Os parlamentares presentes no evento demonstraram simpatia à ideia. A proposta de Nuzman vai ao encontro com o que os deputados vêm defendo na Comissão de Turismo e Desporto. Antes mesmo de o presidente do COB propor a cobrança de 1% sobre a arrecadação das telefônicas, o deputado Silvio Torres (PSDB/SP) já defendia que o esporte brasileiro não pode depender da renda das loterias. Ele propôs que fosse destinada uma parte do fundo do pré-sal para os atletas. Outro que gostou da ideia foi Otávio Leite (PSDB/RJ): ;É indispensável criar novas fontes para desenvolver o esporte brasileiro;, apoiou.
O repasse de dinheiro para os clubes é outra preocupação de Nuzman. Desde que foi criado, o Conselho dos Clubes Formadores de Atletas Olímpicos (Confao) pede uma parte dos repasses da lei das loterias, com a justificativa de que são eles que desenvolvem a base. A discussão tem se prolongado e ainda não se chegou a um consenso. Ontem, Nuzman se pôs à disposição para dialogar com as entidades. ;Estou aberto a esta reunião, desde que todos sejam beneficiados e não só os clubes ricos.;
COB avalia projetos
As confederações brasileiras terão até o próximo dia 11 para apresentar projetos de fomento para as modalidades. A equipe técnica do COB avaliará aqueles que poderão receber repasses do órgão. ;A ideia é investir em atletas que tenham condições de ter bons resultados em 2016;, explicou Carlos Arthur Nuzman.
E eu com isso
Caso a sugestão de se taxar a arrecadação das empresas de telefonia se transforme em lei, mais uma vez o consumidor brasileiro terá de pagar a conta. Dificilmente, as telefônicas aceitarão de bom grado se desfazer de uma parte significativa dos lucros e tendem a repassar o prejuízo para a conta dos assinantes.
O número
R$ 63,9 milhões
Recursos investidos pelo Ministério do Esporte em 2009