Apesar da voz firme e da aparente confiança nos argumentos para tentar escapar da punição por doping de furosemida, Daiane dos Santos admite que tem sofrido muito por conta do escândalo. Mesmo assim, ela garante que não vai deixar de lado o sonho de disputar as Olimpíadas de 2012, em Londres.
"A semana passada foi conturbada, isso está me atrapalhando emocionamente.... Mas vou continuar a fazer tudo o que estou fazendo (na recuperação das cirurgias do joelho)", prometeu a atleta, de 26 anos. "Tem muita gente que até já fala no fim da minha carreira, só que minha meta é Londres. Vou lutar até o fim. Se eu não quisesse isso, já poderia ter saído antes da ginástica, nem teria feito essas cirurgias no joelho...", observou.
Daiane disse que demorou para falar publicamente sobre o assunto - o doping foi anunciado em 30 de outubro - porque queria "se tranquilizar". "É o pior momento de minha carreira", avaliou a campeã mundial do solo em 2003, que diz estar recebendo muito apoio do público. "As pessoas viram que eu não errei para me beneficiar", afirmou.
Desviando de qualquer polêmica, Daiane até mesmo elogiou a presidente da Confederação Brasilera de Ginástica, Luciene Resende. "Não tem nada a dizer deles. A presidente me ligou e disse que queria saber o que realmente se passou, pois eu sou confiável e sempre fui exemplo de atleta e de cidadania", contou. Assim que estourou o caso, o Pinheiros divulgou nota dizendo que a CBG deveria ter informado à Federação Internacional de Ginástica (FIG) que Daiane estava inapta para exames, fato negado pela entidade.
A atleta voltou a insistir nesta hipótese. "O Pinheiros encaminhou tudo para a CBG e eles tinham que passar para a FIG", disse Daiane, que manifestou mágoa com algumas pessoas que optou por não identificar. "Fiquei chateada porque algumas pessoas que eu pensava que estavam do meu lado, na verdade não estão. Elas precisam se lembrar que eu trouxe muitas coisas boas para o Brasil. Nós, atletas, não somos super herois. As pessoas para quem eu estou falando isso sabem que são, não preciso dizer nomes. A FIG não me julgou, está apenas me investigando", alegou.
Daiane se esquivou também quando questionada se poderia haver alguma armação contra ela por trás deste doping. "A Wada (Agência Mundial Antidoping) é fidedigna", destacou a atleta. "Estou preocupada em defender o meu nome agora", afirmou Daiane, emendando que ainda não tem data para voltar a competir, caso seja inocentada.