A estimativa era que os mais rápidos completassem em 13h31min10 os 192,89km da primeira parte do Desafio SP/RJ 600k de Corrida Nike. Mas as primeiras equipes a cruzarem a linha de chegada fizeram o tempo de 12hh31min17. Sagazes e com uma vontade incontestável, os atletas não pouparam esforços para cumprir o desafio. Nem mesmo diante de um percurso desconhecido e caracterizado por subidas, descidas, trilhas na água e na praia. O alto nível técnico dos corredores mostrou que a disputa vai ser definida nos detalhes. O complicado, agora, será manter o ritmo e terminar a competição, que continua hoje, com destino a Angra dos Reis (RJ).
Marcelo Henrique, um dos corredores da equipe de Brasília, foi o primeiro a cruzar a linha de chegada, em São Sebastião, litoral norte de São Paulo. Apesar disso, a performance não garantiu a primeira colocação ao grupo na tabela. Isso porque, o resultado diário é de acordo com a somatória dos tempos que os 12 atletas fizeram nos 23 trechos ; o resultado não havia sido divulgado até o fechamento desta edição.
Mesmo assim, a vibração do servidor público contagiou a todos, que aplaudiram a chegada. ;Pelo menos levei a fama;, brincou. Completar o percurso foi ainda mais importante porque Marcelo vinha de um dos trechos mais difíceis da prova ; a descida da Estrada Velha do Mar, com 8km ;, e que ele finalizou em 25 minutos. Isso provocou um desgaste ainda maior. ;Foi muito difícil. Pensei três vezes em abrir e deixar passar. Mas impus meu ritmo mais forte e coloquei o coração para ferver;, explicou o triatleta, ainda ofegante.
Determinada a manter o ritmo e ciente da dificuldade do percurso que vai encarar hoje, a equipe não pensa em estratégias. O segredo, segundo o técnico Rodrigo Albuquerque, é usar mais vezes os reservas, que nesse caso agem como coringas, podendo entrar em qualquer trecho. Gustavo Dias e Mirela Albrecht serão as opções. ;Vamos usar os mais fortes no dia mais complicado. Temos de manter a performance que foi melhor do que a estimada para cada um;, disse Rodrigo.
Mirela se assustou com a responsabilidade extra, mas garantiu que continuará fazendo o melhor possível. ;A ideia é crescer durante a prova e quebrar no início. Vou manter o que fiz hoje (ontem);, explicou a atleta, que faz parte da equipe de corrida de aventura Oskalunga. Uma das vantagens apontadas pelos competidores candangos foi o clima do litoral paulistano, que deu uma ajudinha à turma, acostumada com a secura e a altitude elevada. ;Eu me sinto melhor. Parece que o pulmão está mais leve;, afirmou Samuel Toledo.
Formação
Todas as equipes são compostas por 10 atletas e um técnico. Dois desses corredores são denominados reservas, que, nesse caso, percorrem quantos trechos forem necessários. A ideia é usá-los em percursos mais difíceis, ou quando alguém se cansa.
Início com garoa e chuva
A largada, que ocorreu no início da manhã de ontem, foi em frente ao Obelisco, no Ibirapuera, um dos principais cartões-postais de São Paulo. A garoa paulistana não só apareceu como foi acompanhada de uma chuva torrencial. Mas nada que esfriasse o clima da competição e desanimasse os corredores, que tiveram a oportunidade de largar ao lado de Franck Caldeira ; ouro no Pan-Americano do Rio de Janeiro ; e de Vanderlei Cordeiro de Lima ; bronze nas Olimpíadas de Atenas. A dupla correu até o terceiro ponto de troca, por cerca de 23km.
A imagem dos atletas espalhados pela pista central da Rodovia Anchieta, uma das mais movimentadas da cidade, marcou a manhã de ontem. Entre o trânsito matinal que começava a se formar, os competidores aceleravam ainda nos primeiros metros. ;Sabemos que a corrida é uma febre mundial. Está sendo uma experiência muito boa. Temos vontade de repetir no ano que vem. Vamos analisar isso ao término dos quatro dias;, anunciou Cristiano Coelho, diretor de running da Nike.