Ensaios sensuais, convites para festas, participações em programas de televisão. Para um atleta, a beleza por si só pode render muitos benefícios, mas chega um momento em que isso começa a atrapalhar. É exatamente esse cenário o vivido pelas irmãs gêmeas Bia e Branca Feres, que querem driblar a desconfiança e comprovar seu talento no nado sincronizado - pelo menos no fim desta temporada, ao som do ritmo de Michael Jackson.
Embora admitam as vantagens em termos de visibilidade que um rosto e um corpo bonito podem trazer, Bia e Branca ao mesmo tempo encaram dificuldades. Medalhistas de bronze por equipes nos últimos Jogos Pan-Americanos, veem críticos minimizando sua capacidade e argumentando que elas só têm espaço na mídia por causa dos atributos físicos - foram eleitas pela revista norte-americana Sports Illustrated duas das esportistas mais bonitas do mundo, atrás apenas da ex-tenista Anna Kournikova.
"É uma faca de dois gumes", declarou Branca, explicando à GE.Net o significado da palavra beleza para a dupla, que nesta quinta-feira esteve em São Paulo para participar de um evento de seu novo patrocinador, a marca de bebidas energéticas TNT. "Isso chama a atenção, mas não fiz concursos de miss para estar na seleção brasileira", emendou Bia, indignada com a existência de um "preconceito" ainda que as gêmeas tenham se destacado recentemente - acabam de ser campeãs brasileiras e cariocas de nado sincrozinado.
No fim deste ano, o talento das atletas será colocado na balança ao lado de outra característica que vai além do esporte e não é a beleza - a música escolhida para coreografia, um mix de sucessos de Michael Jackson. "Nós nadamos uma vez assim no Tijuca Tênis Clube e o pessoal gostou", contou Bia, agora durante a entrevista coletiva. Pouco tempo depois disso, o astro norte-americano veio a falecer, o que fez as brasileiras não terem dúvidas em realizar uma homenagem. "Quando ele morreu, vimos que era hora de apresentar a coreografia oficialmente", concluiu ela, que estreará ouvindo o Rei do Pop em uma competição no mês que vem, data do Troféu Mundial, no Canadá.
O foco de Bia e Branca, de qualquer forma, é brilhar mesmo nas Olimpíadas. Ainda muito jovens, elas têm 21 anos e, como acreditam ser difícil obter a classificação para Londres-2012, quando Lara Teixeira e Nayara Figueira devem seguir como o dueto titular da seleção brasileira de nado sincronizado, já estão pensando no Rio-2016. "Com 28 anos, viveremos nosso auge", projetou Branca.
Antes da escolha da cidade para ser sede dos Jogos Olímpicos, a dupla admitia estar até aposentada em 2016, mas agora já deciram prolongar a carreira. Até o longínquo encontro com a torcida brasileira, porém, o ritmo de Michael Jackson não será mantido para a coreografia, que deve dar espaço a uma música tipicamente carioca: o funk. Aliás, foi com uma mistura entre funk e sertanejo que elas faturaram o título nacional, em outubro passado, também na capital fluminense.