Principal categoria do automobilismo brasileiro, a Stock Car usa a gasolina como combustível de seus possantes, a despeito do fato de o país liderar, ao lado dos Estados Unidos, a produção de etanol no mundo. Uma incoerência que será corrigida a partir da próxima temporada, quando os carros da disputa passarão a ser movidos a álcool.
A novidade foi anunciada nesta terça-feira por Carlos Col, presidente da Vicar, empresa que organiza a Stock Car - trata-se de um retorno ao final da década de 70, quando o governo proibiu a utilização da gasolina em corridas devido à crise do petróleo. "Não temos mais a necessidade da crise, mas queremos cuidar do meio ambiente e da qualidade de vida no planeta", alegou o dirigente.
De acordo com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (UNICA), um motor a álcool joga na atmosfera apenas 10% do carbono de um motor movido a gasolina. "Temos o programa mais completo de biocombustível do mundo", afirmou o presidente da entidade, Marcos Jank, citando que 35% da frota nacional nas ruas é flex, um recorde mundial. "Faz todo sentido trazer essa experiência para o automobilismo", destacou.
Com o uso do etanol e a adoção inédita do sistema de injeção eletrônica, a potência do propulsor de um Stock Car passará de 480 para 520 cavalos. Isso vai permitir que os pilotos possam aproveitar melhor o recurso do nitro, que dá mais velocidade ao carro durante um curto espaço de tempo, facilitando as ultrapassagens.
"Hoje os pilotos só conseguem ter duas ou três utilizações do nitro com eficiência por prova. Agora, ele vai poder usá-lo quantas vezes quiser, bastando ter um intervalo de dois minutos para não prejudicar o motor", explicou Col, garantindo que "não haverá um real a mais de custo" para as equipes.
As negociações para se utilizar o etanol começaram no início de 2008 - desde a atual temporada, os carros da IndyCar Series, ns Estados Unidos, já usam o álcool verde-amarelo em seus monopostos. "Acredito que entrar na Stock é um passo fundamental para levar o etanol a outras categorias", destacou Jank. Segundo ele, a entrada no automobilismo de competição vai beneficiar o consumidor comum. "Isso nos dará a possibilidade de melhorar ainda mais a eficácia dos motores a álcool", garantiu.
Mais ações
De olho na sustentabilidade, a Stock Car planeja fazer diversas ações com este objetivo a partir da etapa de Curitiba, programada para este domingo. Na capital do Paraná, os promotores da categoria prometem plantar 560 árvores para compensar a emissão de 112,03 toneladas de carbono na atmosfera, principal causadora do efeito estufa.
Para 2010, estão previstas novas ações, que incluem até a conscientização da população. "Empresas de todo o mundo estão se preparando para trabalhar em um futuro próximo com menores níveis de emissão de carbono. A Stock Car não poderia ficar de fora dessa iniciativa e a Corrida Verde abre esse projeto", destacou.
A prova em Curitiba abre a série de quatro disputas dos playoffs da Stock Car, que definirão o campeão da temporada 2009. Dez pilotos seguem com chances de título: Cacá Bueno (235 pontos), Valdeno Brito (223), Thiago Camilo (221), Atila Abreu (219), Ricardo Maurício (218), Marcos Gomes (215), Daniel Serra (212), Allam Khodair (211), Max Wilson (210) e Luciano Burti (207).