Na busca pelo quarto título nacional consecutivo, feito inédito para um treinador na história do Campeonato Brasileiro, Muricy Ramalho não abandona o estilo simples. Preocupado em passar as melhores informações do Santos para seus jogadores - atividade que define como 20% de um trabalho campeão -, o técnico do Palmeiras apelou para um refúgio fora da capital paulista.
"No sábado, depois do treino de manhã, em vez de ficar lá na Academia agradando os outros, peguei meus dois cachorros e fui para Ibiúna. Fiquei lá no meio do mato. Não me divirto, mas relaxo, fico pensando. E de noite fui concentrar", revelou o comandante, mais contido depois de vibrar com a torcida pela vitória por 3 x 1 na Vila Belmiro.
O chefe assegura que a viagem antes de ir para o litoral não é uma maneira de se afastar do elenco. Apesar de se dizer contrário à amizade entre técnico e atleta, Muricy alega ter se isolado para tentar sair da pressão e pensar com mais clareza sobre o clássico desse domingo, quando encontrou Vanderlei Luxemburgo, seu antecessor no Palestra Itália.
Com a cabeça mais livre, o comandante pôde fazer o que considera fundamental para o sucesso: deixar os jogadores informados sobre todas as características do adversário. "Estes 20% que dou de importância para o técnico valem muito, não pensem que é pouco. E se eu não fizer meus 20%, não passar as informações para o jogador, de que adianta um técnico?", indagou.
"Quando eu era jogador, era melhor porque eu que resolvia. Como treinador,tenho é que deixar meu time bem treinado e muito bem informado, porque quem faz os movimentos em campo e ocupam espaço são eles", reforçou o meia revelado pelo São Paulo nos anos 70 e com passagem marcante pelo futebol mexicano.
No Verdão, Muricy comemora o fato de ter encontrado um grupo que aceita os detalhes que ele informa tanto nos treinamentos quanto nas preleções, quando usa projeções de computador para exemplificar seus dados. "O mais importante é que a gente fala, passa as informações e eles acreditam", apontou.