O tênis brasileiro está longe das glórias da época de Gustavo Kuerten. No recente confronto contra o Equador, o país tinha a vantagem de atuar em casa e, mesmo assim, perdeu a chance de retornar ao grupo principal da Copa Davis. Mesmo já com planos de aposentadoria, o veterano Nicolas Lapentti, de 33 anos, fez a diferença e ganhou todos os jogos que participou.
Ex-número 44 do mundo, posição alcançada em 2003, o paulista Flávio Saretta foi enfático na analise da participação brasileira: ele acredita que faltou personalidade ao time - formado por Marcos Daniel, Thomaz Bellucci, André Sá e Marcelo Melo - nas partidas contra o antigo número seis do ranking da ATP.
"Respeitaram demais, só pode ser isso. Não convivi com o pessoal, tive que ficar em São Paulo devido ao aniversário do meu filho. Mas, com certeza, respeitaram muito o Nico (Nicolas Lapentti) ao invés de entrar em quadra, bater no peito e falar: aqui é meu país, aqui vou ganhar, aqui ninguém me tira o sonho de voltar ao grupo mundial. A chance era gigantesca", lastimou o ex-tenista nesta sexta-feira, durante apresentação de uma parceria com o Palmeiras.
Mesmo com o desgaste de atuar em três dias seguidos, Nicolas Lapentti bateu Bellucci por 3 sets a 0, Marcos Daniel por 3 sets a 2 e participou do confronto de duplas ao lado do irmão Giovanni Lapenti, na vitória por 3 a 2 sobre André Sá e Marcelo Melo, que atuam juntos, inclusive, em torneios do circuito da ATP.
Aposentado desde o início do ano por causa de uma série de lesões no braço, Saretta lembra que, mesmo sem Gustavo Kuerten, o Brasil vinha de um triunfo sobre os equatorianos. Em 2006, os brasileiros venceram por 4 a 0 fora de casa.
"O time deles não é de primeira linha, precisamos ser realistas. Quando eu jogava Copa Davis, ganhamos do Equador lá dentro, com altitude de quase 3 mil metros. Se pensarmos nisso e também lembrarmos que tudo estava ao nosso favor, não tem como achar normal essa derrota", reforçou Saretta.
Segundo o paulista, as pessoas que comandam o tênis brasileiro devem encarar o revés da equipe do capitão Francisco Costa com preocupação. "(o resultado) É inadmissível, tem que pensar que está tudo errado, não pode perder do Equador. O Nicolas Lapentti já não é o cara que foi seis do mundo. Joga bem, mas era possível ter vencido", finalizou Saretta.