Números, números e mais números. Eles sobraram após a irregular vitória de Roger Federer sobre Robin Soderling no Aberto dos Estados Unidos, definida no início da madrugada desta quinta-feira por 6/0, 6/3, 6/7 (6-8) e 7/6 (8-6). Mesmo com muitas dificuldades a partir do terceiro set, o suíço voltou a fazer história com a classificação à 22ª semifinal seguida de Grand Slam - além disso, aumentou sua série invicta em Nova York para 39 jogos e aquela apenas contra o sueco para 12.
Em agora 12 embates realizados com Federer, Soderling colecionou apenas o seu segundo set no total, mas esteve bem perto de complicar o oponente. Aproveitando a cautela exagerada do helvético, o azarão superou desvantagens de 0-4 e 2-5 no tie-break da terceira parcial e levou a decisão da quarta novamente para o desempate, quando o favorito salvou um set-point porque o escandinavo arriscou muito na devolução de segundo serviço. Mais dois erros vieram, e o grito de alívio mostrou quão foi difícil ganhar depois de 2h33.
Até o momento em que o 'freguês' acordou na noite norte-americana, o que se via era um passeio de Federer, que teria avançado para enfrentar Novak Djokovic nas semis em menos de 90 minutos caso houvesse confirmado o placar favorável no tie-break inicial. "Por um certo tempo no começo eu joguei um tênis dos sonhos", reconheceu o tenista nascido em Basileia. "Fui capaz de dominá-lo como jamais havia feito antes", emendou, em frase que parece uma contradição para quem faturou 28 dos 30 sets já jogados contra o sueco.
Pressionado pela agressividade do rival no saque e no fundo da quadra a partir da terceira etapa, Federer correu grande risco de ter de disputar uma dramática quinta etapa. "Ele pegou mais confiança e começou a servir melhor. Estou muito feliz por ter sobressaído, porque foi apertado", avaliou o líder do ranking de entradas, que também esteve muito firme no fundamento: aplicou 28 aces e ganhou 86% dos pontos nos quais encaixou o primeiro saque, tendo salvado ainda todos os cinco break points encarados.
Garantido na próxima etapa, o maior ganhador de Grand Slams da história do tênis segue visando ao 15º caneco no torneio desse porte que lhe é o mais favorável junto a Wimbledon. Atual pentacampeão em Nova York, ele não perde na cidade desde as oitavas de final de 2003 (para David Nalbandian) e, caso obtenha mais dois resultados positivos, igualará a invencibilidade de 41 partidas construída por Bjorn Borg no Aberto da Inglaterra entre 1976 e 1981.
Na busca por mais duas vitórias, Federer garante estar em forma para encarar batalhas como as de Roland Garros, em que superou Tommy Haas e Juan Martín del Potro após cinco sets, se for preciso. "Eu estava pronto para jogar o quinto", assegurou, lembrando que Soderling quase surpreendeu. "Mentalmente me sentia ótimo e excelente também na movimentação".