Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Na vaga de um 'santo', Bruno leva mandingas para Curitiba

Na noite desta quarta-feira, Bruno iniciará seu 19º jogo como profissional da mesma maneira que começou os outros 18: com uma série de rezas desde a saída do vestiário até se colocar debaixo das traves do Couto Pereira. Substituto do lesionado Marcos, eleito "santo" pela torcida por suas defesas, o camisa 1 não abdicará de seu ritual contra o Coritiba. Assim que entrar no campo, sempre com o pé direito, o arqueiro vai se benzer e passar por fora da área até chegar em frente ao gol. Na linha da grande área, fará orações antes de adentrá-la, repetindo a ação para colocar os pés no retângulo menor. Ao ficar sob a meta, continuará rezando enquanto bate nos postes. Assim, se sente à vontade para atuar. "Desde juvenil sempre fiz isso no começo do jogo e na volta do intervalo. E deu certo, já que cheguei até aqui, onde eu queria. Não acho que mudaria algo não fazer, mas é sempre bom. Tudo ajuda", comenta Bruno, que ouve até piadas de Marcos pela mania. "Ele fala que a minha avó está trabalhando bem nas agulhadas nele, na macumba", gargalha. A relação com o titular é um dos trunfos do primeiro reserva na função de proteger as redes alviverdes. O camisa 12 diz que confia em Bruno por acompanhá-lo nos treinos. Enquanto trata uma entorse moderada no tornozelo esquerdo, que pode também tirá-lo do jogo de sábado contra o Internacional, Marcos promete torcer muito pelo colega pela televisão. "Substituir o Marcos é sempre importante, é muito bom. Ele é o Marcos, o ídolo de todos, inclusive o meu. Hoje, na minha opinião, ele é um dos melhores goleiros do Campeonato Brasileiro e do Brasil", agradece o reserva, que tem o dono da posição como um tutor e até minimiza a possibilidade de seguir no banco até 2014. "Converso muito com o Marcos. Independentemente de ele continuar jogando por dois ou cinco anos, vou esperar porque quero fazer uma carreira tão brilhante quanto a dele no Palmeiras. Tenho só 25 anos", estima Bruno - Marcos ainda tem cinco anos de contrato, inicialmente com dois previstos para seguir como atleta e mais três para trabalhar na comissão técnica, mas tudo fica na vontade do ídolo. Esperar, realmente, não é um problema para Bruno. Há 12 anos no Verdão, o goleiro só foi estrear como profissional em agosto de 2008. Ganhou chances reais apenas neste ano, enquanto Marcos era poupado ou se recuperava de contusão. Seu último jogo, curiosamente, foi exatamente contra o Coritiba, vitória por 2 x 1 na estreia do time no Brasileiro, no Palestra Itália. "O Wanderley (Luxemburgo) tinha escalado um time misto porque tínhamos o jogo contra o Sport (volta das oitavas de final da Libertadores) e teve um pênalti que o Jefferson acabou cometendo. Fui esperar a paradinha do Marcelinho Paraíba, mas ele bateu bem aberto e forte, não deu para alcançar. Depois entrou o Keirrison, o Diego Souza e o Cleiton Xavier, aí viramos o jogo", relembra. Desde essa partida, realizada em 9 de maio, o camisa 1 viu a diretoria reforçar a promessa de prorrogar seu contrato atual, que vale até 22 de junho de 2010. As negociações ainda não avançaram devido às mudanças que ocorreram no Palmeiras nestes três meses, mas a permanência do arqueiro segue garantida. "A gente ia conversar, aí veio a demissão do Wanderley, a sequência do Jorginho, o Muricy, jogo de quarta e domingo... Foi acontecendo muita coisa e ainda não deu para conversar. Mas o Toninho (Cecílio, gerente de futebol) e o Saverio (Orlandi, diretor de futebol) falam sempre que precisam marcar para o meu pai vir conversar", conta Bruno, sorrindo por realizar seu sonho de ser um dos profissionais do gol alviverde.