Foi preciso salvar dois match points, mas a seleção brasileira feminina de vôlei estreou na fase final da edição 2009 da competição com vitória sobre a Rússia. O dramático duelo, realizado em Tóquio, terminou em 3 sets a 2, parciais de 25/20, 22/25, 25/17, 24/26 e 16/14.
A maior pontuadora da equipe nacional foi Sheilla, com 28 acertos, quatro a mais que a sua companheira de posição, Gamova. Mesmo sendo 17 centímetros mais baixa que a russa, a mineira compensou pelo grande repertório de jogadas de ataque durante o confronto e foi o grande destaque da partida ao lado de Natália.
Sheilla e as outras atacantes brasileiras só não foram melhores porque o time campeão olímpico não esteve tão bem na recepção, especialmente no segundo e no quarto set. Por outro lado, a equipe de José Roberto Guimarães demonstrou maturidade suficiente para não se perder em uma partida decisiva diante de um adversário tradicional.
Brasileiras e russas não se encontravam desde a primeira fase das Olimpíadas de Pequim, quando as futuras medalhistas de ouro arrasaram as rivais com um 3 sets a 0, com direito a 25/14 em uma das parciais. O êxito foi primordial para que as sul-americanas espantassem de vez os fantasmas das viradas na semifinal de Atenas e na decisão do Mundial 2006 e conquistassem o maior título de sua história - dessa vez, entretanto, as brasileiras conseguiram segurar o placar e ganham moral para a sequência da competição.
O Brasil volta à quadra agora nesta quinta-feira, novamente para encontrar outra força do voleibol mundial, a China. Derrotadas pela Holanda na abertura da fase final, as asiáticas precisam da vitória para não se complicar na busca pelo título, enquanto as russas encaram o Japão, dono da casa, pela reabilitação. A partida das brasileiras tem previsão de início para às 3h37 (horário de Brasília).
O jogo - O técnico russo, Vladimir Kuzyutkin, prosseguiu na fase final com a tática de alternar a escalação inicial de sua equipe, desta vez deixando de fora do time titular a capitã Marina Sheshenina e Natalya Safronova. Confuso, o time russo acabou sendo dominado pelas brasileiras desde o início da parcial.
O primeiro ponto das europeias, por exemplo, só veio após um incrível erro de atenção do Brasil, que deixou uma bola devolvida de manchete por Gamova cair em sua quadra: 3 x 1. Natália, entretanto, tratou de recuperar a moral logo no lance seguinte, com uma bela largadinha.
Até a metade da parcial, time verde-amarelo seguiu administrando a vantagem obtida nos primeiros lances, a despeito dos erros no saque. Foi então que a dupla Mari e Sheilla passou a se destacar no serviço. E foi justamente a oposta a responsável por chamar o segundo tempo técnico, com um saque flutuante que enganou toda a defesa adversária: 16 x 10.
Na volta da parada, de novo Sheilla mexeu no placar com jogada semelhante. Mais tranquilo, o Brasil não teve problemas para chegar ao set point, que demorou a ser convertido por conta de erros de passe das brasileiras. Entretanto, Natália usou de toda sua potência para compensar essa deficiência e fechou o primeiro set em 25 x 20.
O bom ritmo das brasileiras, entretanto, não se repetiu no segundo set. Com a recepção das ponteiras Mari e Natália apresentando muitas falhas, a Rússia foi crescendo pouco a pouco e passou a fazer valer uma de suas maiores armas, o bloqueio.
Zé Roberto foi obrigado a parar o jogo quando Natália não conseguiu superar o paredão rival e as russas abriram dois pontos: 14 x 12. Na volta, a jogadora do Osasco pareceu ter entendido as orientações do treinador e novamente encarou o bloqueio, só que dessa vez optou, com sucesso, em forçar a jogada em cima de Maria Zhadan, de 1,78m.
O equilíbrio do 14 x 14, entretanto, se mostrou fugaz e Zé decidiu colocar Sassá no lugar de Natália. A experiente mineira conseguiu melhorar o passe e o Brasil encostou em 20 x 21 quando Fabiana bloqueou uma jogada pelo meio da Rússia. Mas, em seguida Mari errou o saque e Sheilla foi bloqueada, permitindo às estrangeiras fazerem 25 x 22.
Até então apagada na partida, Mari começou a brilhar no terceiro set, contribuindo bastante para que o Brasil acabasse com qualquer ímpeto de virada das russas. A recepção seguiu longe do ideal, mas ainda assim as campeãs olímpicas mostraram-se bem superiores, especialmente na parte final da etapa.
Com 18 x 10 no placar, Dani Lins voltou a ficar à vontade para testar variações de jogada, colocando as centrais Thaísa e Fabiana de volta ao jogo. Em um bloqueio triplo, o Brasil fez 2 x 1 no jogo, com 25 x 17 no terceiro set.
Com a vantagem no placar, as brasileiras começaram a quarta etapa com tudo e passaram a impressão que não teriam maiores problemas para fechar a partida. Entretanto, novamente o time relaxou e a recepção caiu, permitindo à Rússia fazer 18 x 14 no placar.
A exemplo do segundo set, Zé Roberto tentou antecipar a inversão 5-1, mas de novo a medida não deu certo. Somente quando Dani Lins e Sheilla voltaram à quadra que o time brasileiro conseguiu reagir, tirando uma desvantagem que chegou a ser de 22 x 17. Porém, de nada adiantou os belos bloqueios de Fabiana, pois o Brasil falhou no ataque e teve que jogar o tie-break.
No set decisivo, as brasileiras abriram 3 x 1, mas dois erros de ataque de Sheilla colocaram a Rússia de novo no jogo. Quando tinha a chance de fazer 5 x 3, Makarova, sozinha, acertou a rede em um contra-ataque. Mesmo cometendo muitos erros, o Brasil chegou à virada na raça, com um ataque diagonal de Mari, que estava desequilibrada: 9 x 8.
Kuzyutkin pediu tempo e, no retorno, a Rússia voltou à frente após uma bola de segunda de Sheshenina e um erro de Fabiana. As russas chegaram ao match point, mas as valentes brasileiras chegaram ao 14 x 14 após um excelente saque de Natália, que quebrou o passe rival e devolveu a bola para que Mari recolocasse de novo o time nacional no jogo. Dois bloqueios na sequência deram a vitória ao Brasil e manteve a invencibilidade da equipe verde-amarela, única equipe que ainda não perdeu no Grand Prix 2009.