Os fantasmas da eliminação precoce da seleção brasileira perante a França na última Copa do Mundo seguem vivas na memória do presidente da CBF, Ricardo Teixeira. Tanto que, nesta segunda-feira, em evento ocorrido em São Paulo para apresentar o Grupo Pão de Açúcar como novo parceiro da entidade, o dirigente lembrou dos inúmeros equívocos ocorridos antes e durante o Mundial da Alemanha. E prometeu que, em 2010, na África do Sul, tudo será diferente.
Questionado se a postura dos jogadores que serão escolhidos para defender o país na próxima Copa será levada em conta e, em consequência disso, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo 'Fenômeno' (que se apresentou com quase cem quilos à seleção em 2006), constantemente envolvidos em polêmicas fora das quatro linhas, estariam fora dos planos, Teixeira foi direto.
"É claro que a postura do jogador conta e isso não é nenhuma novidade desde que o Dunga assumiu o comando da equipe", afirmou. "O que aconteceu em 2006, certamente nunca mais acontecerá em termos de seleção brasileira. Você só aprende quando sofre. Como eu sofri em 2006, farei as mudanças para que isso não ocorra de novo", prometeu o presidente da CBF.
Ricardo Teixeira tratou ainda de evitar qualquer relação do fracasso brasileiro na Alemanha com a pré-temporada do grupo em Weggis, na Suíça, e confirmou que os problemas envolvendo alguns atletas comandados por Carlos Alberto Parreira aconteceram antes e durante a Copa do Mundo da Alemanha.
"Weggis tem sido usada como desculpa, mas é preciso lembrar que, depois disso, houve mais 20 dias de preparação na Alemanha, tempo suficiente para recuperar. Aconteceram lá (os problemas) e também durante a Copa. Pelo time que tínhamos em mãos, foi uma grande decepção. Faltou espírito de luta e espírito de grupo naquela seleção", disparou.
Em um momento de humildade, Ricardo Teixeira admitiu parcela de culpa pelo fracasso de 2006 e voltou a afirmar que a seleção está acima de qualquer vaidade pessoal, algo que, em sua opinião, prejudicou em demasia a caminhada da equipe em terras alemãs.
"Eu, como presidente da CBF, fui culpado por não ter feito algumas mudanças. A seleção brasileira tem que estar acima de qualquer individualidade, seja de jogador, seja de comissão técnica. Só estará lá quem quiser estar. Não basta termos um time. Precisamos de um grupo imbuído em um mesmo projeto final e foi isso o que não tivemos em 2006", concluiu.
Cornetada: As declarações do presidente Ricardo Teixeira agradaram ao seu novo parceiro, o empresário Abílio Diniz, presidente do conselho administrativo do Grupo Pão de Açúcar. Sem pestanejar, Diniz deu seu 'conselho' sobre como deve ser a formação da delegação que irá à África do Sul.
"A postura tem que ser completamente diferente da mostrada em 2006. Não sei se irá ganhar a Copa, mas, se errar, que sejam erros diferentes", sintetizou o empresário, torcedor apaixonado do São Paulo.