O duelo anunciado entre os velocistas Usain Bolt e Tyson Gay será o ponto alto da 12º edição do Mundial de Atletismo, disputado de 15 a 23 de agosto em Berlim. Usain 'Lightning' Bolt, tricampeão olímpico em Pequim e detentor do recorde mundial nos 100 m, 200 m e revezamento 4x100 m, é o favorito deste combate de pesos-pesados.
"Acho que vou ser mais rápido (que Tyson Gay). Estou pronto, sei o que tenho que fazer para ser o campeão", avisou o atleta nesta quinta-feira numa entrevista coletiva à imprensa organizada em um bar da moda de Berlim.
O jamaicano de 1,96m é mais alto que o norte-americano Gay, que mede "apenas" 1,83. O velocista de Kentucky, tricampeão mundial, acredita em suas chances de deixar o jamaicano para trás em Berlim: ele cravou os melhores tempos de 2009, tanto nos 100 m (9.77 contra 9,79 para Bolt) quanto nos 200 m (19.58 contra 19.59).
Contudo, ele sabe muito bem que o atleta do Caribe correu sob forte chuva nos Meetings de Paris e de Lausanne e que numa pista seca, o jamaicano de 22 anos tem tudo para repetir, ou até superar, os recordes mundiais de 9.69 (100 m) e 19.30 (200 m) que ele mesmo estabeleceu em Pequim. "Estou me preparando para um combate", avisou o americano.
Usain Bolt reiterou diversas vezes seu desejo de "entrar na história do atletismo", mas reconheceu que não é imbatível. "Posso ter um dia ruim", admitiu.
Na coletiva desta quinta-feira, o jamaicano afirmou que seu principal objetivo é conquistar o título, e não quebrar recordes. "Não estou pensando em recordes, estou focalizado nas corridas do Mundial. Talvez na próxima temporada, quando não haverá um torneio importante, eu decida pensar mais em recordes", declarou.
A final dos 100 m, que acontecerá neste domingo, será o primeiro duelo da temporada entre Bolt e Gay. Nesta quinta-feira, os dois velocistas expressaram pontos de vista diferentes sobre a decisão da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) de proibir as largadas em falso a partir de 2010: enquanto Gay se declarou contrário à medida, Bolt manifestou indiferença.
"Não acho que seja um progresso. Sou um ser humano e, como todos os outros atletas, cometo erros. Esse novo regulamento vai perturbar a cabeça dos atletas", lamentou. Bolt não foi tão relutante. "Nunca faço largadas em falso, essa questão não me diz respeito. Talvez seja um problema para outros, mas não para mim", desdenhou.
Quarta-feira, durante seu 47ª Congresso, a IAAF decidiu por 97 votos a favor, 55 contra e seis abstenções que, a partir de 1 de janeiro de 2010, nenhuma largada em falso será tolerada nas competições de velocidade.
Desde 2003, o regulamento absolve o autor da primeira largada em falso, mas desclassifica o autor da segunda, mesmo que não tenha provocado a primeira.
Além do embate entre Bolt e Gay, o Mundial de Atletismo de Berlim terá outros grandes momentos. Na contramão dos velocistas, o etíope Kenenisa Bekele, tricampeão mundial dos 10.000 m (2003/2005/2007), vai tentar a vitória também nos 5000 m, para igualar os dois ouros conquistados nos Jogos de Pequim.
A Etiópia também tem sua rainha. Tirunesh Dibaba, ouro nos 5000 m e nos 10.000 m em Pequim, vai tentar reeditar a façanha em Berlim. Sua maior adversária será sua compatriota Meseret Defar.
Nas provas femininas de velocidade, esta 12ª edição do Mundial de Atletismo também deverá confirmar o domínio jamaicano. Porém, a norte-americana Allyson Felix é uma candidata séria ao título nos 200 m, a corrida de Veronica Campbell.