Jornal Correio Braziliense

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'Tomávamos coisas que os outros não tomavam', diz afastada

Afastada preventivamente pela Confederação Brasileira de Atletismo (Cbat), Evelyn Carolina Oliveira dos Santos confessou que costumava tomar medicamentos que os demais atletas não tomavam. Classificada para o revezamento 4x100m do Mundial de Berlim, ela está fora da competição. "A gente tomava comprimidos, shakes e injeções que os outros não tomavam", contou à atleta afastada em entrevista ao Sportv. De acordo com ela, o fisiologista Pedro Balikian ministrava os medicamentos a alguns competidores como se fossem aminoácidos para ajudar na recuperação. "Não sou eu que não entendo nada que vou verificar. Não tenho como pesquisar. A gente não entende nada disso e acaba confiando", explicou Evelyn, substituída no Mundial por Ana Cláudia Lemos. Ela garante que não percebeu qualquer tipo de alteração em sua performance e no período de recuperação. No maior caso de doping coletivo da história do atletismo brasileiro, Bruno Tenório, Jorge Célio Sena, Josiane Tito, Luciana França e Lucimara Silvestre testaram positivo para EPO e foram suspensos por dois anos pela Cbat depois de dispensarem a contraprova. O grupo competia pela Rede Atletismo sob o comando de Jayme Netto, que assumiu a culpa e também foi suspenso. Evelyn Carolina Oliveira dos Santos e Rodrigo Bargas, único que não estava classificado para o Mundial de Berlim, não testaram positivo, mas foram afastados após serem ouvidos durante as investigações. Pai de Evelyn, Nelson Rocha dos Santos, que já defendeu o Brasil em Mundiais e Olimpíadas, lamentou o caso. "A relação atleta-técnico é uma coisa íntima, de uma confiança muito grande. Faltou ética, faltou caráter. Vou até o fim para esclarecer e os culpados vão ter que pagar por isso", disse o ex-atleta, campeão mundial do revezamento 4x100m em 1979.