A vitória sobre o Barueri trouxe alivio imediato ao Inter, principalmente para o técnico Tite. Para se chegar a esse sentimento, o time penou muito na quarta-feira à noite. Após sair vencendo o Barueri por 2 x 0, os paulistas empataram. A angustia voltou a tomar conta do coração do técnico colorado. As cobranças seriam enormes. Seu cargo voltaria a balançar. Do empate até o gol decisivo foram sete minutos de tensão. Novamente, a equipe deixava escapar um resultado positivo. O bem-estar só chegou aos 40 minutos, com o gol de Sorondo, após cobrança de falta de Andrezinho.
No período em que o placar esteve igualado muito deve ter se passado pela cabeça de Tite, que teve seu nome vaiado antes do início da partida pela torcida. A vitória é somente a quarta nos últimos dois meses. O treinador quer que ela seja um marco para o restante da temporada, uma verdadeira divisora de águas no Beira-Rio.
"Existem jogos que são divisores de água para redirecionar a campanha. Fico feliz, porque o time não venceu de qualquer jeito. Não dá para aliviar totalmente a pressão, ela continua, mas dá um pouco mais de respiração, até mesmo ao meu trabalho", expôs Tite, em entrevista coletiva.
O Inter não participará das próximas duas rodadas do Campeonato Brasileiro. O motivo é a viagem ao Japão para a disputa da Copa Suruga, um torneio amistoso contra o Oita Trinita. O clube conquistou o direito de participar do torneio ao ser campeão da Copa Sul-americana no ano passado. Apesar do longo período que os jogadores ficarão em um avião para atravessar o mundo, Tite vê a ida ao Oriente como positiva.
"Viajamos mais aliviados em relação ao desempenho e aos resultados. É uma competição internacional, que vai para o currículo do clube e dos jogadores. Também servirá para nós refletirmos, para que possamos melhorar", argumentou.
Arrumar a 'cozinha': Se o jogo contra o Barueri pode servir para espantar a crise técnica pela qual a equipe passa, ele não teve o poder de terminar com outros problemas. Nas últimas sete partidas, o Inter sofreu pelo menos dois gols em cada uma delas. Retrocedendo um pouco mais, nos últimos 13 confrontos, o fato ocorreu em 11 oportunidades. Os números defensivos desta sequência ilustram bem o inferno astral colorado. Nesse período, a então sólida defesa vazou 31 vezes, mais do que na soma de todos os outros 37 jogos oficiais do ano, quando sofreu 21 gols.
As soluções foram tentadas. Todos os zagueiros do elenco entraram em campo. O sistema chegou a ser modificado, passando para o 3-5-2, e depois retornando ao 4-4-2. Nada parece trazer a segurança necessária à retaguarda.
"A defesa passa por um processo de ajuste da equipe. Os jogadores estão saindo e entrando. Havíamos perdido o poder de marcação, não foi o caso de hoje", justificou Tite, falando da ação defensiva envolvendo os três setores.
O entra e saí traz seus benefícios. Com lesões, suspensões e a venda de Nilmar, a rotação da equipe tem sido constante. "As oportunidades estão se abrindo", comentou Tite, dando um recado para quem está de fora da equipe e, sobretudo, elogiando as participações de Andrezinho e Giuliano na vitória sobre o Barueri, que mantém o clube no G-4 do Brasileirão.
Andrezinho é o principal exemplo de aproveitamento de oportunidade. Sendo utilizado com constância desde o fim de 2008, o meia finalmente virou titular da equipe. Quando D'Alessandro recuperar seu condicionamento físico, sua volta deverá ser no banco de reservas. Para o argentino retomar a oportunidade terá que criar o seu próprio divisor de águas. Tite espera ter achado o seu na quarta-feira.