Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Gama desperdiça dinheiro

Mesmo com patrocínios acima de R$ 200 mil mensais, time naufraga e precisa ganhar do líder América-MG para evitar a queda para a quarta divisão

A receita do fracasso do Gama nos campeonatos brasileiros é sempre a mesma. Crônica falta de planejamento, eterna troca de treinadores e incessante entra-e-sai de jogadores. Um ano depois de cair da Série B para a C, o alviverde candango repete os erros para ficar em situação desesperadora a uma rodada do desfecho da primeira fase da competição nacional. Na lanterna do Grupo C, com cinco pontos, o time só escapa de despencar para a recém-criada quarta divisão se bater o líder e classificado América-MG, no domingo, no Bezerrão. O vice-lanterna Mixto-MT, com sete pontos, folga. Desta vez, grana não faltou no alviverde. Com duas construtoras, um banco e uma empresa como patrocinadores, em valor total mantido em sigilo, mas entre R$ 200 mil e R$ 350 mensais, o Gama teve capacidade de investimento acima da realidade deficitária da terceirona. "Se dinheiro ganhasse jogo, o São Paulo seria campeão para toda a vida", alega o presidente Paulo Goyaz, citando, curiosamente, o atual tricampeão brasileiro. Em seu primeiro ano no cargo, o cartola fracassou em cumprir suas promessas de formar um time sem a alta rotatividade de reforços e de evitar a ciranda de treinadores. Um ano depois de ver o Gama afundar com 53 jogadores em 38 rodadas da Série B, Paulo Goyaz comandou uma equipe com média ainda maior: 31 atletas escalados em apenas sete rodadas - na Copa do Mundo, com o mesmo número de jogos no máximo, as seleções só convocam 23 nomes. Depois de prometer parcerias mirabolantes e apostar em sucesso imediato (ver quadro), o presidente fracassa na explicação da campanha desastrosa. "Não sei te dizer oficialmente. O técnico é bom, um dos melhores. Os jogadores foram indicados ou aprovados por ele", dribla Paulo Goyaz. "É a falta de estrutura. Todos nós temos nossa parcela de culpa. Menos a torcida", aponta o atual treinador, Reinaldo Gueldini, o quarto da temporada, no rastro de Giuliano Pariz, Luiz Carlos Barbieri e Pedrinho Rocha. O grupo da Série C foi montado com apenas três semanas de antecedência. Pedrinho Rocha caiu depois de apenas duas rodadas. Gueldini, então, comandou uma reformulação com a competição em andamento. "Na minha opinião, é falta de planejamento. Monta o time em cima da hora. Se fosse uma competição igual à Série B daria tempo para corrigir. O Brasiliense, com as quatro derrotas seguidas, estaria rebaixado na Série", compara o goleiro Alencar, único jogador a participar das sete partidas do Gama. Chororô Apesar de ter sido eleito pela situação, com a bênção do eterno homem forte Wagner Marques, Paulo Goyaz reclama da herança maldita. "Assumi o Gama com R$ 11.800.000 de dívidas, sem categorias de base, certidão negativa e fonte de receita. Não se pode esperar milagre de dirigente que tem que contratar às pressas e com dívidas", critica o atual presidente. Paulo Goyaz gosta de citar alguns números. "Dos R$ 100 mil do BRB, só recebi R$ 55 mil. De hotel para jogador, gasto R$ 21 mil e mais R$ 8 mil de aluguel de apartamentos. De alimentação, são 2 mil refeições a cada 14 dias. Gasto R$ 17 mil", enumera. No entanto, o cartola joga na retranca sobre os valores das duas construtoras. "Por contrato, não posso revelar." Assim falou Paulo Goyaz O presidente Paulo Goyaz se exime da culpa pela campanha desastrosa do alviverde candango: "Se dinheiro ganhasse jogo, o São Paulo seria campeão para o resto da vida" "Acredito que consiga montar a equipe-base para o Campeonato do DF e deixar o time montado para subir para a Série B" data: 16 de outubro de 2008, dia de sua eleição como presidente do Gama, sobre patrocínios e parcerias "Não culpo a direção porque nem sempre os jogadores fazem o que os dirigentes esperam. E nem sempre o técnico escala o time dos sonhos da diretoria" data: 16 de novembro de 2008, um dia depois da posse como presidente e da queda para a Série C "Nosso objetivo é ser campeão do Candangão. É o número 1. E, em segundo lugar, ser campeão da Série C. Na pior das hipóteses, ficar entre os quatro que sobem" data: 12 de dezembro de 2008, na apresentação do técnico Giuliano Pariz "Não se pode esperar milagre de dirigente que tem que contratar às pressas, sem dinheiro e com dívidas" data: 27 de junho de 2009, um dia depois de cair para a lanterna do Grupo C da Série C, na penúltima rodada, e sob risco de ir para a quarta divisão Alta rotatividade 1 goleiro: Alencar 2 laterais-direitos: Alex e Ivonaldo 6 zagueiros: Jaílson, Mello, Panda, Paulão, Pedrão e Riso 3 laterais-esquerdos: Ivan, João Paulo e Edu Silva 7 volantes: Cauê, Ferrugem, Goeber, Macaé, Marcos Antônio, Renan e Wellington Leão 4 meias: André Luiz, Doda, Piá e Thiaguinho 8 atacantes: Cristiano, Fábio Oliveira, Jonhes, Keké, Luís Carlos, Paulinho Macaíba, Roberto Santos e Rodriguinho Artilheiro ameaçado O Gama corre o risco de ficar sem o seu artilheiro para o Dia D: o atacante Fábio Oliveira foi expulso contra o Ituiutaba-MG, por reclamação, depois de ter sido substituído. No entanto, estranhamente, o cartão vermelho não consta da comunicação das penalidades, mas apenas no registro de incidentes, o que dá brecha para contestações. O volante Goeber, machucado na coxa esquerda, dificilmente se recupera. A esperança é pela volta do lesionado volante Ferrugem. Em compensação, o América-MG vai jogar sem todos os três zagueiros titulares, com as suspensões de Micão, Wellington Paulo e Preto. O técnico Givanildo de Oliveira estuda entre mudar o esquema, do 3-5-2 para o 4-4-2, ou escalar os juniores André e Otávio ao lado do reserva Thales. Com a primeira posição do Grupo D já garantida, o time mineiro apenas cumpre tabela, mas vai contar com a folclórica mala preta para salvar o Mixto-MT.(RN)