Encerrado no sábado, o Campeonato Brasileiro Juvenil movimentou Brasília, mas terminou deixando no ar a sensação de que a cidade, que já teve vários jogadores juvenis de destaque, como Larissa Carvalho, Raony Carvalho, Lenoir Ramos e Kike Grangeiro, deixou a desejar.
Assim, o Correio ouviu técnicos e jogadores para saber deles qual foi o balanço da competição. E a maioria foi categórica em afirmar que a cidade não produz mais tantos jogadores competitivos como costumava.
"Nosso nível não é mais o mesmo", analisou Santos Dumont, técnico do Iate, que treina, entre outros, Lara Soares, semifinalista no Brasileiro e número cinco do ranking nacional da categoria 12 anos. "Temos pouca gente se sobressaindo e isso é reflexo do tênis pouco competitivo na cidade. Temos que trabalhar para ter mais gente de destaque nos próximos anos", alertou.
O técnico Edson Raw, do Clube do Exército, vai mais longe. O treinador teve apenas um de seus atletas no Brasileiro, Ramis Neto, na categoria 14 anos, que perdeu na primeira rodada. Raw concorda com Dumont e afirma que a capital perdeu muito de seu potencial. Mas abriu uma discussão sobre o real valor de uma carreira juvenil de sucesso.
"No Brasil e aqui em Brasília, nós estamos muito preocupados em produzir campeões juvenis. O que eu quero saber é quando vai chegar o dia em que Brasília vai ter um bom jogador profissional. Ser campeão só no juvenil não adianta nada", disparou. "A maioria dos lugares aqui estão preocupados em fazer bons juvenis. Temos que nos preocupar mesmo é no que vem depois do juvenil."
Para o treinador Mário Mendonça, da AABB, técnico, entre outros, do baiano Silas Cerqueira, campeão brasileiro dos 14 anos (que vive na Bahia, para onde Mário vai uma vez por mês, numa temporada de uma semana), o Brasileirão de 2009 foi produtivo e abre um novo ciclo de trabalho.
[SAIBAMAIS]
"O Brasileirão é um marco que mostra o que os jogadores fizeram de bom, o que funcionou e o que ainda precisa ser trabalhado", declarou. "Esse campeonato nos dá um direcionamento sobre o que fazer para o ano seguinte e acho que estamos no caminho certo. Meus atletas tiveram um rendimento melhor do que no ano passado", animou-se.
Para controlar os nervos
Quarto melhor tenista do país na categoria 14 anos, o brasiliense Marcos Bernardes é o jogador de Brasília mais bem classificado no ranking nacional juvenil. No sábado, ele chegou pela primeira vez a uma decisão de Campeonato Brasileiro, mas, na hora "h", não soube controlar os nervos e foi uma presa fácil para o baiano Silas Cerqueira, perdendo por 6/2 e 6/0.
Apesar do resultado, Marcos ficou satisfeito com sua participação. "Acho que foi bom, apesar de ter entrado muito tenso na final", avaliou. Para ele, o fato de a cidade ter tido um finalista e outros dois semifinalistas (Lara Soares, na categoria 12 anos e Gustavo Ribeiro, nos 18) prova que a cidade evoluiu. "Acho que o nível está bem melhor", acredita.
Perguntado qual foi a maior lição a ser assimilada após o Brasileirão, Marcos Bernardes, que treina na AABB, com Mário Mendonça, foi direto: "O que eu tiro é que não posso jogar tão tenso quando estiver em uma final importante. Tenho que me acalmar", ensinou. (LRM)