O árbitro de futebol Paulo Lima, 40 anos, sempre se benze antes de cada tempo do jogo. No último domingo, ao apitar a semifinal do campeonato amador da Liga de Esportes das Categorias Independentes de Ceilândia (Lecic) entre Real Sociedade e 26 Futebol Clube, esqueceu de fazer o sinal da cruz depois do intervalo.
"Eu já vinha sendo agredido verbalmente durante a partida. Como o Real havia perdido o último jogo, a torcida e os jogadores estavam nervosos. Fui ameaçado várias vezes, mas ignorei. Quando houve o pênalti contra o Real na prorrogação, eles piraram e partiram para cima de mim com tudo. O goleiro até tentou me defender, mas piorou. O jogo não tinha segurança e a sorte é que ao lado tinha um show e consegui correr para lá para me proteger", narra Paulo, que ganhou um galo na cabeça, um hematoma de 15cm na canela e dedos inchados, machucados na tentativa de se defender dos chutes.
Paulo afirma que preferia não ter ganho o dinheiro a viver o pesadelo. "Não sou árbitro por dinheiro. Faço porque amo. O que aconteceu no domingo ficou lá em Ceilândia. Não deixarei de atuar por causa do incidente", revela o trabalhador da construção civil.
Mesmo sem acreditar na Justiça, ele registrou ocorrência na 15ª Delegacia de PolÃcia de Ceilândia contra quatro jogadores do Real e ficou de voltar para concluir o relato com mais calma. "Não vou retirar a queixa. Os culpados devem pagar pelo que fizeram. O pênalti que marquei era incontestável."
Embora seja corajoso e destemido quanto à s marcações e advertências em campo, Paulo teme retaliações. "Tenho medo que descubram meu endereço e façam algum mal a mim e à minha famÃlia."
Paulo Lima conta como foi agredido: