Enquanto caminhava entre quadras da Academia de Tênis, uma das centenas de jogadoras que estão no clube para a disputa da Copa das Federações e do Campeonato Brasileiro Juvenil viu uma rival concedendo entrevista ao Correio. Sem pestanejar, ela declarou à reportagem: "Escreve aí que ela é uma fenômena (sic)".
A desconhecida se referia à paulista Júlia Mansano Gomide, número um do Brasil da categoria 12 anos. Entre as companheiras da mesma idade, Júlia conquistou o respeito pelos resultados que obteve este ano. Campeã do Banana Bowl, em São Paulo, e da Copa Gerdau, em Porto Alegre - dois dos torneios mais importantes do Brasil, ao lado do Campeonato Brasileiro -, a tenista chegou ao topo do ranking nacional e credenciou-se como a mais cotada para levantar o troféu na capital. "Vou tentar o meu máximo para ganhar aqui. Estou bem confiante, mas é claro que eu tenho que respeitar todas as outras jogadoras", diz Júlia, modesta.
A melhor jogadora do Brasil na categoria 12 anos começou no esporte aos 6, influenciada pelos irmãos. "Eles começaram a jogar quando eu tinha 5 anos. Aí, comecei por brincadeira e nunca mais parei", lembra. Hoje, só ela corre o Brasil jogando torneios e, este ano, tornou-se o orgulho da família ao chegar ao topo do ranking brasileiro.
Em março, depois da conquista do Banana Bowl, Júlia chegou ao número um, lugar onde ela se sente confortável. "Fiquei muito feliz quando consegui, porque vi que tudo o que eu tinha treinado estava dando resultado", conta. "Mas para falar a verdade, não mudou muita coisa na minha vida, não", revela. "Hoje sou um pouco mais conhecida nos torneios e acho que as adversárias passaram a me respeitar mais", completa.
QUEM É ELA
Nome: Júlia Gomide
Data de nascimento: 26 de fevereiro de 1997
Local: São José do Rio Preto (SP)
Altura: 1,60m
Peso: 50kg
Empunhadura: destra
Ranking brasileiro: 1ª da categoria 12 anos
Clube: Monte Líbano
Técnico: Éder Barbosa e Fernando Quintino
Principais resultados em 2009:
» campeã do Banana Bowl
» campeã da Copa Gerdau
» campeão da Copa São Paulo
» campeã da Copa Guga (Florianópolis)
Mais tênis que escola
No disputado mundo do tênis, nada vem fácil. Assim, para chegar aonde chegou, Júlia teve (e tem) que ralar muito. Estudante do 7º ano do turno matutino, a tenista se entrega aos treinos após as aulas. Pratica todos os dias da semana, em média, três horas por sessão. Aos fins de semana, nada de descanso. "Eu sempre jogo no meu clube. Quase nunca passo um dia sem tênis", revela. "Minha vida é muito corrida. Só que consigo ir bem na escola e no tênis. Mas, no momento, penso mais no tênis", confessa.
Ciente de que estar no topo tem um preço, Júlia admite que hoje existe uma espécie de dever de conquistar vitórias por ser a número um. "Acho que agora tem um pouco mais de pressão, como se eu tivesse a obrigação de vencer", desabafa.
Mas engana-se quem pensa que isso lhe tira o sono. Sorridente e tranquila ao caminhar pela Academia de Tênis, a paulista, fã de Roger Federer, administra muito bem a pressão. "Eu gosto de sentir isso. É bom ser a primeira do ranking", depõe Júlia, como se mandasse um recado às adversárias de que não pretende deixar o posto tão cedo. (LRM)