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Na África do Sul, povo faz festa até na greve

Protestos de operários da construção civil na África do Sul são com dança e cantos, mas em alguns locais manifestantes dão trabalho à polícia

Johanesburgo - Com o silêncio das vuvuzelas (cornetas) depois da Copa das Confederações, outro barulho toma conta da África do Sul, país-sede da Copa de 2010. É com música em vez de piquetes no local de trabalho que protestam os cerca de 70 mil operários da construção civil em greve no país. Eles exigem um aumento salarial de 13% contra os 10,4% oferecidos pelos patrões, além de direitos como licença-maternidade e paternidade. A paralisação provocará prejuízos em pelo menos 35 obras para o Mundial do ano que vem, entre estádios, aeroportos e projetos de infraestrutura. "Nós não lutamos contra o governo, mas contra as construtoras, que ganham muito dinheiro do governo e nos pagam migalhas", alegou o representante do sindicato dos empregados, Mzoxolo Phoswa, em entrevista ao site do jornal sul-africano The Times. No segundo dia de greve, a polícia chegou a disparar bombas para dispersar, ontem, um grupo de aproximadamente 50 manifestantes na estação de trem do Estádio Green Point, na Cidade do Cabo. De acordo com as autoridades, os grevistas ameaçaram atirar pedras até mesmo nos carros e tentaram interromper o trânsito. Em Johanesbugo, os operários fizeram passeata para bloquear o tráfego, mas foram controlados pelos policiais. Na quarta-feira, em protesto bem-humorado, completamente fora dos padrões brasileiros, por exemplo, mais de mil operários se juntaram do lado de fora do Estádio Soccer City, no bairro de Soweto, local da abertura e da final da Copa. O protesto foi em ritmo de dança, com direito ao refrão "Amanda awethu, imali eyethu", em idioma nativo, o que em português significa: "Poder para o povo é o nosso dinheiro". "Nós queremos uma campanha bem-sucedida dos Bafana Bafana (como é chamada a Seleção da África do Sul), mas também termos condições de comprar ingressos para ver o fruto do nosso trabalho duro", alegou um dos grevistas, o vigilante Boy Mtsi. O repórter viajou a convite da Siemens. Entre a preocupação e o otimismo Com expectativa de um encontro entre representantes sindicais de empregados e patrões, a greve de operários da África do Sul já coloca em risco os planos das obras para o Mundial, com abertura prevista para 11 de junho. "Se continuar por duas semanas ou mais, vai ameaçar os prazos", confessou o economista-chefe da empresa Investment Solutions, Chris Hart. "Se nós somarmos todos os pedidos, estimamos que os trabalhadores estejam pedindo 65% de aumento", criticou o porta-voz dos empregadores, Joe Campanella. O chefe-executivo do Comitê Organizador da Copa, Danny Jordan, prefere adotar um tom bem confiante sobre a rapidez de um acordo. "Nós acreditamos que a greve vai ser resolvida", jurou. (RN) Agora, vai Danny Jordan, chefe-executivo do Comitê Organizador da Copa, tenta manter otimismo em meio à greve. "Continuamos confiantes de que as obras dos estádios serão concluídas dentro do prazo."