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Obina trocou de 'cidade maravilhosa' e ganhou confiança

Em 45 dias, o Obina que chegou do Flamengo ouvindo chacotas sobre seu desempenho tornou-se imprescindível no Palmeiras. O jejum de seis meses sem fazer gols parece inimaginável para o atacante que já balançou as redes cinco vezes em oito jogos pelo novo clube. Tudo fruto de um diálogo que raramente aconteceu com Cuca. E que fez o baiano deixar o Rio de Janeiro para chamar São Paulo de "cidade maravilhosa". "Aqui no Palmeiras, quando acabam os treinamentos, o Jorginho pega os atacantes para trabalhar finalização, conversa muito, falando onde estou pecando. Quando cheguei, o Wanderley também me parava para conversar e dizer onde errei. No Flamengo, não tinha isso", relembrou o camisa 28. "Lá no Flamengo tinha muita gente, muita badalação. O treinador só conversava contigo no sacrifício. E aqui acontece isso diariamente. É muito bom saber onde estou pecando para poder melhorar", prosseguiu o jogador, que viu o grito "Obina é melhor que Eto'o" entoado pela torcida rubro-negra passar de exaltação à piada nas arquibancadas do Maracanã. Mas a pressão vivida na Gávea tornou-se confiança no Palestra Itália. Faltava um afago, uma relação mais próxima com os dirigentes e o elenco para que o atual centroavante palmeirense provasse seu valor. "Aqui sempre tive a confiança das pessoas, que sabiam que eu podia ajuda. Desde que cheguei, a diretoria e os jogadores me acolheram bem. Isso é importantíssimo", enalteceu Obina, agradecido principalmente pelos três quilos perdidos em pouco mais de um mês no Verdão. "O trabalho físico também é bem feito no Flamengo, mas aqui intensificam um pouco mais, você é mais cobrado, e isso faz com que você corra ao máximo dentro de campo", comparou o atleta, que tem deixado o campo de treinamento alviverde sempre suando muito. Resultado não só do esforço, mas das adaptações às mudanças climáticas em São Paulo. "Eu estava reclamando de muito frio, mas já jogaram um sol na minha cabeça que pelo amor de Deus", gargalhou o bem-humorado atacante. "Está melhor. Eu e minha família moramos em um lugar bom e já nos adaptamos a esta cidade maravilhosa. Sou quase um morador de São Paulo nato", prosseguiu sorrindo. E é já se sentindo em casa que o jogador que assumiu a tarefa de substituir Keirrison espera ter convencido o Palmeiras a pagar os R$ 4 milhões pedidos pelo Flamengo para continuar no clube. Seu empréstimo é válido até o final do ano, com o preço de seus direitos econômicos já fixados no momento em que o contrato foi assinado. Na época, o valor foi ironizado. Bastaram cinco gols para se acreditar que vale a pena. "Procuro sempre o meu melhor, o que mais quero é ajudar o Palmeiras fazendo gols. Sempre tentei fazer isso no Flamengo, mas só aqui estou tendo uma sequência muito boa para pegar um bom ritmo de jogo", explicou Obina, descartando um sentimento de vingança por ter provado seu faro de gols. "Não gosto de dizer que estou calando a boca das pessoas. Deixa que falem mal, não tem jeito. Continuo trabalhando e surpreendendo a cada jogo para que as pessoas voltem atrás e vejam também que tenho um pouco de qualidade", limitou-se a comentar, humilde.