Após amargar duas Copas do Mundo perdidas (2000 e 2004), a seleção brasileira finalmente conseguiu subir ao ponto mais alto do futsal no ano passado, ao derrotar a Espanha em casa nos pênaltis. Para os jogadores da equipe verde-amarela, porém, um fator foi fundamental para que mais uma frustração fosse evitada: o aprendizado obtido no exterior.
Desde o traumático tropeço que vai completar nove anos em dezembro, aumentou muito o número de brasileiros que jogam no exterior. Principais jogadores da geração passada, Manoel Tobias e Vander Iacovino passaram a carreira inteira em terras nacionais, enquanto que dos 14 jogadores campeões mundiais, oito defenderam equipes de fora na última temporada, opção seguida por muitos dos jogadores que passam a ter mais chance na seleção agora.
"Mudou muito a cabeça da galera, pois a Espanha tem um tipo de jogo diferente do Brasil. Lá, eles têm muita posse de bola e paciência, jogam os 40 minutos até o final, enquanto a gente só queria atacar e fazer gol. Deu resultado", comenta o fixo Lukaian, que substitui o lesionado Lenísio no Grand Prix e recentemente acertou a sua transferência para o Krona/Joinville/DalPonte após seis anos na Europa.
Ex-jogador com farta experiência em terras ibéricas, o técnico da seleção Marcos Sorato também notou uma evolução na estratégia do Brasil ao longo dos últimos anos. "O jogo virou de passe e ataque, tocar e entrar o tempo todo e não aquele jogo de tiro e chuta", explica o treinador.
Há cinco anos fora, o fixo Neto acredita que a forma como a seleção jogava antes do intercâmbio era uma verdadeira loucura. "É mesclando o futebol brasileiro com a paciência espanhola que a gente vai conseguindo frutos, como o Mundial, onde não fizemos aquele jogo louco do Brasil. Agora, nos preocupamos mais nos defender para depois atacar. Todos os que passaram por lá, trouxeram coisas boas", indica.
E mesmo quem nunca foi jogar por clubes estrangeiros aplica as mudanças: é o caso do ala Falcão, que no jogo contra a República Tcheca válido pela terceira rodada do Grand Prix voltou correndo para a defesa após contra-ataque rival e conseguiu tirar com a cabeça uma bola que já estava em cima da linha.
"Se não me engano, o placar já estava 4 x 0. Se fosse em outra época, a gente não voltaria, talvez até tomasse o gol, mas naquele momento a gente priorizou na defesa para ter a liberdade de fazer o jogo individual. Nossa equipe ganhou o Mundial assim e é desta forma que pretendemos vencer em 2012", comentou.
Sem defender clubes nacionais há oito anos e com planos de encerrar a carreira na Espanha, o ala Vinicícius só faz um alerta no meio desta internacionalização. "É bom aprender com outros países, mesmo que de menor nível, mas o brasileiro nunca pode se espelhar em outras seleções. O Brasil tem que ser fiel à característica para se manter como o melhor do mundo", avisou.
Neste domingo, o time verde-amarelo adicionou mais um troféu à sua galeria ao bater o Irã na final da edição 2009 do Grand Prix.