Enquanto deixa o seu empresário Marcio Rivellino discutindo com o Palmeiras, Muricy Ramalho recupera sua confiança após a saída do São Paulo tomando cerveja e comendo peixe em frente à praia no Guarujá. Mas já sabe o que deve encontrar se acertar com o clube do Palestra Itália, inclusive como será o relacionamento com a Traffic. E está descansado a ponto de garantir a sequência de Tite no Internacional.
Aparentando mais tranquilidade do que em seus últimos dias no Morumbi, o treinador garante que só liberou seu representante a falar com o Verdão a partir dessa terça-feira - segundo a diretoria alviverde, valores serão apresentados em reunião no fim da tarde desta quarta-feira. E já assegura que a parceria com a Traffic não é um obstáculo.
"Não tenho nada a ver com a Traffic. A Traffic, para você ter ideia, só contrata, não tem ingerência. Eles têm contrato com o jogador e podem vender a hora que quiser. O treinador que vai para lá precisa saber disso", comentou o técnico à Rádio Guaíba, repetindo as palavras da cúpula palmeirense. O gerente de futebol Toninho Cecílio até se irrita ao ouvir que a comissão técnica é pressionada para escalar atletas da parceira.
O ex-são-paulino não tem participado das negociações, mas sabe por meio de seu procurador o que tem sido falado. "Começamos a conversar ontem (terça-feira) com o Palmeiras porque tem que acabar isso de sair de um time, aí no dia seguinte sai um treinador e você pega o lugar do cara. Este tipo de coisa não é para mim. Não assinei até agora porque preferi descansar um pouco, fazer a rescisão com o São Paulo tranquilamente", explicou, confirmando que recusou uma proposta "muito forte" do Catar por querer continuar no Brasil.
Seguir no país, porém, não significa esperar pela vaga de técnico do Internacional. Comenta-se que o clube gaúcho até estaria procurando uma equipe árabe para dar uma saída honrosa para Tite, já que Muricy estaria acertado. Basta tocar neste assunto para tirar o atual tricampeão brasileiro do sério.
"Não aconteceu nada disso. O Internacional tem um grande técnico que está muito bem neste ano, não tem porque ficar atrás de outro treinador. O Tite é competente, correto, a diretoria está o apoiando muito. E o Internacional tem um compromisso muito importante, vou torcer pelo Internacional", prometeu, lembrando da final da Recopa Sul-americana envolvendo os colorados e a LDU, nesta quinta-feira, em Quito.
Para evitar as especulações, Muricy tem até abdicado das boas relações que tem com a diretoria do Beira-Rio, onde trabalhou entre 2003 e 2005. "Não tem e nunca houve nada. Não é do meu feitio e nem da minha história plantar alguma coisa dessas porque não preciso disso. Não falo há três, quatro meses com o meu amigo Fernando Carvalho (vice-presidente do Inter). Nem consulta teve", declarou.
Se ainda tem algum carinho por seus antigos chefes no Internacional, Muricy vive o oposto em relação aos são-paulino. Apesar de entender sua demissão, o treinador, que sempre foi apoiado pelo presidente Juvenal Juvêncio, credita seu sucesso no Morumbi exclusivamente a seus resultados e à torcida.
"Permaneci por três anos e meio porque ganhei e a torcida me segurou. Pelas pessoas que estavam lá, já estaria fora há algum tempo. A maneira como saí não foi muito legal. Estou com a consciência tranquila, fiz o meu melhor. E a torcida não ficou contente com a minha saída. Mas tudo bem", disse, tentando amenizar seu discurso.
"Não fui injustiçado. Na bola, se não ganhar está fora mesmo. É assim que funciona. Ainda mais comigo, que não agrado muito às pessoas e nem trabalho para elas. Visto a camisa, não aceito algumas coisas e aí acabo encrencando com um ou outro", encerrou o treinador.