Não durou nem 15 dias a trégua entre a Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e a Associação das Equipes da Fórmula 1 (Fota). Após reunião entre as partes realizada nesta quarta-feira, as escuderias alegam que não estão efetivamente inscritas no Mundial 2010, ao contrário do que havia prometido a entidade regida por Max Mosley.
FIA e Fota encontraram-se em Nürburgring com o objetivo de estabelecer com exatidão as regras para o próximo campeonato, além de definir como será feita a redução de custos previstas para os próximos dois anos. Entretanto, não houve acordo e a guerra política que ameaça a principal categoria do automobilismo Mundial está reaberta.
De um lado, a FIA informa em comunicado oficial que apenas a questão da diminuição de gastos e do peso mínimo dos carros não havia sido definida quando os oito times representados pela Fota se retiraram da discussão - a entidade não especifica exatamente o motivo pelo qual isso ocorreu. Desta forma, não foi possível chegar a nenhum acordo.
Por sua vez, as escuderias alegam que foram informadas pelo diretor de Fórmula 1 da FIA, Charlie Whiting, que apenas Williams, Force Índia, USF1, Manor e Campos estavam garantidas no próximo campeonato. "A Fota então não teria direito de voto em relação às regras técnicas e esportivas", alega comunicado da Associação.
Diante disto, as escuderias teriam pedido o adiamento do encontro, mas a proposta foi negada com o argumento de que não seria permitido um novo Pacto da Concórdia (documento que especifica os direitos e deveres de cada parte na Fórmula 1 especialmente na parte financeira) se as regras de 2010 não tivessem sido acordadas por unanimidade.
Lembrando que a FIA já havia dito que as regras da próxima temporada seriam as mesmas de 2009, a Fota optou por retirar-se da reunião, alegando que "ir contra a decisão do Conselho Mundial coloca o futuro da categoria em perigo". Para finalizar, a entidade se colocou à disposição para novas discussões.
Entenda o caso
De olho na redução de gastos, a FIA propôs um limite orçamentário de R$ 128 milhões por temporada para as escuderias que disputassem a temporada 2010 da Fórmula 1 - quem não aceitasse teria que se submeter a uma série de regras técnicas.
Porém, Ferrari, Renault, Toyota, BMW Sauber, Toro Rosso, Red Bull, McLaren e Brawn GP não concordaram com a medida e passaram a ameaçar se retirar da Fórmula 1. Apenas Force India e Williams, além dos três times que aumentarão o grid a partir do ano que vem (USF1, Manor e Campos) se alinharam com a FIA. Os indianos e a escuderia de Frank Williams foram expulsas da Fota pela atitude.
Após reuniões e intensas trocas de farpas, as duas partes chegaram a um acordo no final do mês passado: em troca da permanência das escuderias em 2010 e de uma redução gradual dos gastos aos limites do começo dos anos 90, Max Mosley retirou o teto orçamentário da pauta, além de prometer não concorrer à reeleição para presidente da FIA em outubro.
Entretanto, Mosley irritou-se com declarações do presidente da Ferrari e da Fota, Luca di Montezemolo, que em declarações à imprensa deu a entender que a FIA havia saído derrotada da briga. Assim, passou a ameaçar continuar no cargo e, na reunião desta quarta, voltou a endurecer as negociações com as escuderias.