Um esporte pouco conhecido no país mostra, em outros continentes, que aqui não é terra só de futebol. O tiro prático, modalidade praticada em 78 países e com 4.500 atletas no Brasil, ganha espaço nos pódios das competições internacionais. Depois de conquistar, em novembro, o campeonato mundial na categoria pistola standard sênior (pistola com poucas modificações (a partir de 50 anos), em Bali, na Indonésia, os brasileiros buscam um feito inédito: vencer, entre 6 e 12 de julho, o Pan-Americano da modalidade, em Guaiaquil, no Equador. O elenco que embarca hoje em busca do novo desafio tem dois representantes de Brasília.
Um dos nomes da Seleção é Pedro Salomão Neto, de 51 anos. Policial civil, ele aproveita os intervalos no serviço para treinar no estande de tiro da polícia. Ele conta que só depois de algum tempo como atleta resolveu seguir a carreira de policial, após ter sido convidado para ajudar no curso de formação dos agentes: "Havia muitos policiais no tiro prático. Daí tomei gosto pela profissão e resolvi seguir carreira", lembra.
Apesar de usar a mesma pistola no trabalho e no esporte - calibre 40 -, Pedro explica que não há semelhança entre as duas atividades. "Em uma defendo vidas, lido com reféns. No esporte, tenho alvos que não são de verdade", compara. Ele confessa que muito do que se aprende nos campeonatos tem aplicação no dia a dia. "A precisão e a velocidade de raciocinar são essenciais para uma boa prova. No cotidiano, isso também ajuda. O tiro prático aprimorou meu trabalho", completa.
Companheiro de equipe de Pedro Salomão, Mauro Thompson, de 54 anos, não é policial, mas tem experiência de sobra com a arma que usa. Apesar de ter tentado seguir o caminho do pai, Renildo Ferreira - cavaleiro olímpico nas décadas de 1950 e 1960 -, Thompson confessa que foi o tiro que mexeu com ele. Desde os 18 anos, o advogado pratica o esporte. "É bom demais. Uma cachaça", brinca.
Para manter a boa mira, treina duas vezes por semana. Mais que treinos práticos, é preciso ensaiar movimentos, com raciocínio, precisão e preparo físico. Os atletas se deitam, agacham, ajoelham e atiram em movimento, sobre trilho. "Faço pelo menos 3 mil tiros por mês. É o básico para manter o nível", explica.
Saiba mais
No tiro prático, o atleta deve equilibrar precisão, potência e velocidade para vencer. Os alvos têm 75cm x 45cm com um centro de 15cm que representa a "zona A". A maioria das competições se dá ao ar livre. O atirador deve fazer no mínimo 420 disparos por competição. A pistola tem capacidade para 19 tiros e deve ser recarregada sempre que necessário.
Cada atirador produz a própria munição. Com autorização do Exército, eles compram cápsula, projétil, pólvora e espoleta. Assim, recarregam seus estojos da maneira que preferirem.