Treinador da seleção de Moçambique de futsal, o pernambucano Roberval Ramos aceitou a proposta para trabalhar no continente africano com um objetivo em mente: classificar a equipe ao Mundial de 2012. Na visão dele, esta é a melhor maneira de impulsionar a modalidade no país.
"Essa é a minha meta. Já tive várias propostas para voltar ao Brasil, mas disso eu não vou abrir mão", garantiu o técnico, que trabalhou em diversas equipe do Sul-Sudeste do Brasil antes de se transferir para o exterior, há um ano e meio.
Em Moçambique, ele também trabalha no principal time do país, a Liga Muçulmana, mas mesmo assim precisa superar uma estrutura deficiente.
"Os atletas são amadores. Todos eles trabalham ou estudam e só chegam para treinar às 19h50. Enquanto no Brasil estou acostumado a ter de cinco a seis horas de treino diário, lá eu só tenho uma hora e meia para dar todo o programa, pois há um problema muito sério de transporte em Moçambique e, no máximo às 21h30, todos precisam estar liberados para voltar para a casa. No outro dia, eles já precisam estar de pé às 6 horas para trabalhar", contou o técnico.
Ramos revela que em times menores, a situação é ainda mais complicada. "Tem clube que só treina duas ou três vezes por semana", lamentou o treinador, que não comandava a seleção nacional em um torneio de alto nível desde 2008, quando levou os moçambicanos ao 12º lugar no Grand Prix.
"É pouco para o que o nosso esporte exige. Só tivemos nove treinos até chegar aqui e dois dos jogadores eu convoquei não vieram porque não foram liberados do trabalho. São coisas que a gente tem que ir administrando com paciência", relatou o pernambucano. "Moçambique tem bons e habilidosos jogadores. O que falta é mais trabalho com os treinadores", acredita.
Assim que voltar à África, Roberval pretende iniciar uma renovação na equipe. "É preciso ter um grupo mais jovem, com tempo para treinar para as eliminatórias do Mundial de 2012 em uma seleção permanente", argumentou. Para isso, ele trabalha com a Federação local para investir em torneios de base, uma solução para outro de seus problemas. "Sem esses campeonatos, o jogador chega para você com 25 anos cheio de vícios de fundamentos que é complicado tirar", explicou.
Por outro lado, o brasileiro vê uma evolução na equipe moçambicana. "Quer queira, quer não, eles aprendem muito em uma competição como o Grand Prix. Os jogadores que vieram no ano passado voltaram para lá com um ritmo de jogo muito bom. Esse ano, o empate contra a República Tcheca foi uma surpresa, fizemos um grande jogo. Nesta segunda, nossa equipe foi forte, briosa, lutou e teve bons momentos, o que é muito difícil diante de jogadores com a qualidade dos brasileiros", destacou.