"Olelê, olalá, o Keirrison vem aí e o bicho vai pegar". Depois de um bom tempo, a torcida do Palmeiras entoou o cântico novamente no Palestra Itália. Intensamente vaiado na última rodada, o camisa 9 fez dois gols e garantiu virada por 3 x 1 sobre o Cruzeiro neste domingo que colocou o time na terceira colocação do Campeonato Brasileiro.
Na fria noite paulistana, o Verdão repetiu o futebol veloz visto no último verão. As críticas até ameaçaram voltar com um gol de Bernardo, em cobrança de falta a favor do Cruzeiro aos 24 minutos do primeiro tempo. Os donos da casa, porém, empataram com Marcão aos 33. Cinco minutos depois, Keirrison fez um golaço de voleio e deixou mais um aos 13 da etapa final em contra-ataque puxado por Wendel.
Além da confiança retomada por seu goleador, o Palmeiras termina a rodada como gostaria: ocupa a zona de classificação para a Libertadores, em terceiro lugar com 11 pontos somados em seis rodadas. Já o Cruzeiro termina o domingo em décimo, com sete pontos.
Agora, ambos pensam nesta edição da Libertadores, sonhando em jogar as semifinais. O Verdão visita o Nacional no Uruguai precisando vencer ou empatar por pelo menos dois gols. Já a Raposa joga no Morumbi contra o São Paulo, podendo até perder por um gol de diferença se fizer pelo menos dois. Pelo Brasileiro, o time paulista enfrenta o Atlético-PR no sábado, em Curitiba. No dia seguinte, os mineiros recebem o Barueri.
O jogo
Na última rodada, o Palmeiras venceu pela primeira vez depois de cinco jogos ao bater o Vitória por 2 x 1. Mas não convenceu. Neste domingo, recebeu o Cruzeiro, tido como favorito para conquistar o Campeonato Brasileiro, disposto a mostrar que pode atuar tão bem como já fez nesta temporada. E foi o que se viu no Palestra Itália.
Ambas de olho na Libertadores, as equipes adotaram estratégias diferentes. Com jogo contra o Nacional no Uruguai na quarta-feira, o Verdão jogou com seus melhores atletas. A Raposa só joga no dia seguinte. Mesmo assim, Adilson Batista mandou somente três titulares a campo: o goleiro Fábio e os volantes Henrique e Marquinhos Paraná.
Sorte para Wanderley Luxemburgo. Sonhando em repetir o ritmo veloz dos primeiros meses do ano, o técnico sacou o Obina e colocou o rápido Willians, melhor parceiro para Keirrison em 2009. Para dar liberdade a seus laterais, Wendel e Armero, Marcão formava trio de zagueiros.
A disposição tática foi beneficiada pela postura da equipe, simbolizada por Keirrison. O atacante, vaiado no Palestra Itália por ser considerado um jogador sem garra, se mexia o tempo todo, procurava espaços até mesmo quando tinha seis adversários o atrapalhando. Willians, Diego Souza e Cleiton Xavier faziam o mesmo, fazendo com que o clube anfitrião preenchesse todo o meio-campo, na defesa ou no ataque.
Apesar de estar com três volantes, o Cruzeiro sofreu. Os mineiros não acompanhavam a rápida troca de passes e sofreram desde o primeiro minuto. O jogo mal havia começado e Marcão já havia cabeceado rente ao travessão e Keirrison deixado o marcador no chão com sua correria antes de bater em cima do goleiro Fábio.
Também veloz, mas no contra-ataque, a Raposa conseguiu assustar em cabeçada de Bernardo que raspou na trave de Marcos. O Verdão, porém, estava melhor e quase abriu o placar em golaço de Wendel, que aplicou chapéu em Marquinhos Paraná e bateu de canhota no ângulo. Fábio foi buscar.
Em grande noite, o arqueiro celeste executou dois milagres no lance seguinte. Caído na linha do gol, defendeu dois chutes de Mauricio Ramos em bate-rebate na pequena área. E ainda teve sorte ao ver rebote de Willians passar à esquerda de seu gol. Tudo isso com 15 minutos de jogo, como o palmeirense se acostumo a ver no início do Paulistão.
A expectativa, contudo, ficou negativa aos 24 minutos. Na entrada da área, Marcão agarrou e derrubou Bernardo. Falta que o próprio camisa 10 azul bateu com força. Na barreira, Willians abriu espaço e a bola bateu no ombro esquerdo de Cleiton Xavier, tirando Marcos da jogada e inaugurando o placar no Palestra Itália.
Sem chances, Marcos só pode ir às redes e bater palmas para motivar seus companheiros a manterem a boa atuação. Não adiantou. Os donos da casa começaram a apelar para as faltas e uma delas até tirou um ex-companheiro, o zagueiro Gustavo, da equipe do Cruzeiro por lesão. A disposição era a mesma, mas a troca de passes não era eficiente.
A raça, entretanto, premiou o Verdão. Aos 33, Marcão correu para o ataque e recebeu cruzamento preciso de Cleiton Xavier para cabecear. A bola bateu no travessão, caiu perto da linha do gol e saiu. Enquanto Keirrison se enrolava para dominar e garantir o gol, o assistente Altemir Hausmann já partia para o meio-campo, acompanhado pelo árbitro Leandro Vuaden. O empate estava confirmado.
Se a noite era de reabilitações, Keirrison não quis ficar de fora. Aos 38 minutos, Diego Souza tentou lançar o atacante, mas a bola subiu ao desviar em Marquinhos Paraná. O camisa 9 não pensou duas vezes: aplicou um belo voleio, indefensável para Fábio. Um golaço celebrado por todo o grupo com um abraço no também contestado Wanderley Luxemburgo. E um positivo feito à distância pelo autor da obra-prima para a torcida.
Antes do fim do intervalo, a virada alviverde ainda foi assegurada com uma excelente defesa de Marcos. A partida, contudo, era dos donos da casa. No segundo tempo, ainda contestando o gol de empate feito por Marcão, o Cruzeiro, que já não tinha mais Sorín, se jogou para o ataque, desorganizando-se atrás.
Com esta situação e o seu principal atacante confiante, o Palmeiras não desperdiçou a oportunidade de matar o confronto. Aos 13 minutos, Wendel arrancou pela direita, sem chance de ser parado por uma defesa aberta. O lateral se aproximou de Fábio e só rolou para Keirrison tocar para o gol vazio. 3 a 1, comemorado com pulos de Wendel e novo abraço de Keirrison nos companheiros.
Até o fim da partida, o que se viu foi um Palmeiras trocando passes, arriscando-se somente quando via Keirrison livre. Na defesa, Marcos chegou a fazer linda defesa em chute de Wanderley. O santo goleiro, contudo, ficou em segundo plano. Novamente sorrindo, Keirrison ouviu novamente os gritos "Olelê, olalá, o Keirrison vem aí e o bicho vai pegar" e foi aplaudido de pé. Sem olhar para a torcida, pode deixar o Palestra Itália aliviado novamente.