"Isso vai me perseguir para sempre". O veredicto dado por Stan Van Gundy após a dramática derrota do Orlando Magic para o Los Angeles Lakers não deixa mentir: o técnico está arrependido por não ter pedido ao seu time cometer uma falta nos segundos finais do último período, quando os alvicelestes venciam por 91 x 88. Agora, ele teme ficar marcado se os rivais comandados por Phil Jackson confirmarem a vantagem de 3 x 1 e fecharem a série final da NBA.
Conhecido por não ter 'pulso firme' nos momentos decisivos dos jogos, Van Gundy teve uma postura nesta quinta-feira que fez lembrar os playoffs de 2005. Na ocasião, o treinador do Miami Heat foi considerado culpado pela derrota na final da Conferência Leste para o Detroit Pistons por dois de seus jogadores, Shaquille O'Neal e Alonzo Mourning. Shaq, inclusive, recentemente fez chacota com o ex-comandante: "Ele é o mestre do pânico e me lembra um GPS quebrado: sabe tudo sobre tudo, mas nunca chegou a lugar algum", disse em março passado, lembrando que o homem de 49 anos jamais conquistou um título na carreira.
Três meses depois, as críticas do superpivô do Phoenix Suns voltaram a assombrar o atual técnico do Magic, que poderia ter mandado que parassem Derek Fisher antes de ele acertar arremesso de três pontos que forçaria a prorrogação e provocaria a vitória dos Lakers. "Foi minha a decisão de não fazer falta. Sim, eu me arrependo disso agora, mas apenas olhando para trás. Para mim com 11 segundos de jogo ainda é muito cedo".
Com a vitória quase garantida na última noite, Van Gundy temia que o fim do embate se tornasse um 'concurso' de lances livres - vale lembrar que jogando em casa o Orlando só acertou 59,5% deles, contra 75% do Los Angeles. "Você comete a falta, eles acertam dois arremessos, diminuem a vantagem e ainda sobram seis ou sete segundos", continuou o treinador, tentando se explicar. "Nós demos muito espaço para Fisher chutar. Nós jogamos para prevenir uma bandeija e simplesmente não o marcamos".
Nesse caso, a responsabilidade pelo empate e consequentemente pela prorrogação seria de Jameer Nelson, responsável por acompanhar Fisher. Questionado sobre o assunto, o armador do Magic admitiu sua parcela de culpa. "Eu deveria ter forçado em cima dele um pouco mais".
Por outro lado, outros jogadores também comentaram a decisão de Stan Van Gundy e, ainda que tenham evitado polêmicas, mostraram descontentamento, como o ala Rashard Lewis. "Não sou o comandante. Eu estava lá tentando ganhar a bola do jogo". Acostumado a parar a partida com uma infração quando situações desse tipo ocorrem no basquete europeu, o pivô polonês Marcin Gortat foi mais incisivo. "Você tem de perguntar ao treinador sobre isso", afirmou.
Até pelas declarações do Magic, fica claro que a decepção tomou conta do plantel alviceleste depois do revés. Dwight Howard, contudo, procura motivar os companheiros para a partida do próximo sábado, quando a Amyway Arena pode ser palco do 15º título da história dos Lakers. "Não podemos abaixar a cabeça. Ainda acreditamos, não há razões para termos dúvidas", afirmou.
Na prática, a noite foi de sensações distintas para o 'Superman': ao mesmo tempo em que entrou para a história da NBA com o recorde de tocos em finais (nove), foi o principal responsável pelo fraco aproveitamento de lances livres dos mandantes, visto que errou oito de 14 arremessos, incluindo dois seguidos a 11 segundos do fim do tempo regulamentar.