Um dos clubes mais importantes para a história do esporte olímpico brasileiro, o Clube de Regatas do Tietê completa nesta quinta-feira seu 102º aniversário. Responsável por revelar alguns dos principais atletas que o País já teve, a entidade promove neste final de semana atividades esportivas na tentativa de atrair a população paulista.
Localizado na Avenida Santos Dummont, colado às margens do Rio Tietê, o Vermelhinho projetou sua primeira grande atleta na década de 1920: ao nadadora Maria Lenk, criadora do nado borboleta e primeira mulher brasileira a quebrar o recorde mundial (nos 200m e nos 400m peito). Ainda na natação, o Tietê contou com Abílio Couto, que na década de 1950 fez o recorde mundial na travessia a nado o Canal da Mancha, entre Inglaterra e França.
No entanto, a cria mais famosa do Vermelhinho saiu das quadras de tênis. Pupila do técnico Henrique Terroni, a menina Maria Esther Bueno desde pequena convivia nas alamedas do Vermelhinho - o pai de Estherzinha, Seu Pedro, era o sócio de número 5 do clube. Atualmente, a maior tenista da história do País treina na Sociedade Harmonia de Tênis.
A carreira gloriosa de Maria Esther Bueno começou em dezembro de 1957, quando deixou o Brasil aos 18 anos e partiu para os Estados Unidos, ao lado de Carlos Alberto 'Lelé' Fernandes. Os dois conquistaram o Orange Bowl daquele ano, mas Estherzinha disparou: se sagrou campeã de duplas em Wimbledon com a genial norte-americana Althea Gibson em 1958 - o primeiro Grand Slam do tênis brasileiro.
Patrona das quadras de tênis do Vermelhinho, Maria Esther conquistou no total 20 títulos de Grand Slam: sete deles em simples (três vezes em Wimbledon e quatro do Aberto dos Estados Unidos), 12 em duplas (inclusive o Grand Slam de 1960, nos quatro grandes torneios do circuito) e um em duplas mistas (Roland Garros, 1960). Foi considerada a melhor tenista do mundo por quatro anos e, durante dez temporadas consecutivas, integrou o top 10 do ranking, não oficial na época.
Ainda do Tietê saiu Amélia Cury. Grande amiga de Maria Esther na década de 1950, a tenista ganhou notoriedade já veterana: foi campeã mundial de seniors em 1981. Duas décadas depois, já fora do Vermelhinho nos anos 2000, Amélia se sagrou vice-campeã mundial de tênis na categoria abaixo de 79 anos, em Istambul, na Turquia. Hoje ela treina no São Paulo.
Festa esportiva: Para comemorar os 102 anos, o Clube Tietê realizará neste final de semana uma programação esportiva. Torneios de futebol, futsal, vôlei, tênis e atletismo serão realizados na sede do clube, além de aulas abertas de ginástica olímpica.