A uma vitória da chave principal de Roland Garros, Marcos Daniel é o único brasileiro no top 100. No entanto, ele não participou do confronto com a Colômbia na Copa Davis em função de um desentendimento com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT). O espanhol Emílio Sánchez Vicário, coordenador do tênis nacional, lamentou o desfalque na delegação que venceu em Santiago de Tunja.
"Eu acho que na vida os trens passam poucas vezes. Era uma oportunidade e ele perdeu essa oportunidade. Para mim, é uma pena que não quis jogar", afirmou. Antes de assumir o cargo de coordenador do tênis brasileiro no último mês de fevereiro, ele foi campeão da Copa Davis como capitão da seleção espanhola ao vencer a Argentina, em Mar del Plata.
O uso da marca dos Correios na manga da camisa foi o motivo do desentendimento. Diferente do top 10 brasileiro, Marcos Daniel não tem contrato com a empresa. Patrocinadora oficial da CBT, a estatal oferece R$ 20 mil anuais para os tenistas que estão entre os 100 melhores do mundo e R$ 12 mil para os restantes. O gaúcho começou o ano fora da zona, mas não concordou em receber a cota reduzida.
"Ele mandou um e-mail muito claro, dizendo: 'não quero participar do projeto, tenho que ganhar como top 100 e se for chamado para a Copa Davis, não jogo com a marca dos Correios'. Não vamos prejudicar o tênis brasileiro por um jogador", disse Jorge Lacerda, presidente da CBT. Segundo ele, o atleta já não havia sido convocado para o duelo contra a Croácia a pedido do técnico Larri Passos. "Ele me ligou e disse que o Daniel precisava de pontos", contou.
Apesar de lamentar a posição do jogador, Sanchez Vicário não fechou as portas em futuras convocações. "Ele é o que está jogando melhor e acho que sempre você tem que contar com os melhores. Eu trataria de jogar com os melhores, mas é o capitão que decide se vai contar com ele ou não", afirmou. Em entrevista à GE.Net, o capitão Francisco Costa não descartou um eventual retorno já contra o Equador.
De acordo com Jorge Lacerda, no entanto, o espanhol não vê com bons olhos o auxílio da federação à atletas com idade avançada, caso de Marcos Daniel, prestes a completar 31 anos. "Não tem no mundo jogadores com essa idade ganhando dinheiro de federação. O Emílio me disse: 'na Europa, jogador com mais de 20 anos não ganha dinheiro nem do pai nem da federacao'", contou. O presidente da CBT também manteve as portas abertas. "É só entrar no regulamento", disse.
Com um triunfo sobre o Equador, o Brasil volta ao Grupo Mundial pela primeira vez desde 2003. Fortaleza, Florianópolis e Salvador são as favoritas para sediar os jogos. A pedido da comissão técnica, os confrontos serão no saibro e a nível do mar, o que descartou a possibilidade de São Paulo receber as partidas. "Se acharmos que vai ser fácil, teremos problemas. É hora de ser humilde e trabalhar", encerrou Sanchez Vicário.