Ainda que inesperada, a decisão de patrocinadores importantes em não apoiar mais times de vôlei é vista pela Confederação Brasileira da modalidade como um "fato normal" e não como um indício de crise no esporte. Recentemente, nomes como Finasa e Unisul optaram por cortar seus investimentos, deixando, ainda que temporariamente, uma série de atletas desempregados.
"Nunca o voleibol brasileiro esteve tão bem em sua trajetória toda. Dizer que o vôlei do Brasil vai bem e o vôlei no Brasil não vai bem é uma afirmação leviana", bradou o presidente da CBV, Ary Graça. "É correto a imprensa escrever que o vôlei está em crise porque o Finasa/Osasco saiu, sendo que no dia seguinte já entrou um patrocinador novo? E eu posso dizer: vocês não imaginam o número de interessados que houve para entrar no lugar deles...", comentou.
O anúncio de permanência da equipe de Osasco não ocorreu exatamente no dia seguinte ao seu encerramento, mas em menos de uma semana o técnico e agora gestor Luizomar de Moura, com a ajuda da prefeitura local, já havia convencido um grupo de empresários a manter o time - entre as propostas negadas estava a da Fiesp/Sesi, que acabou formando uma equipe masculina para ocupar o lugar da Unisul/Joinville, que, por sua vez, tinha proposta da Tigre, empresa de tubos de PVC.
"O vôlei é o segundo esporte do Brasil. Além disto, qual país do mundo tem 151 jogadores que já foram campeões mundiais, entre infanto-juvenis, juvenis e adultos, jogando em seu campeonato local? Como estamos mal, se temos 80% das seleções brasileiras atuando aqui? Cadê aquele campeonato maravilhoso da Itália? Acabou", observou.
Diretor de competições da CBV, Renato D'Ávilla lembra que não é novidade grandes investidores largarem o vôlei repentinamente. "A Sadia, por exemplo, organizou um Mundial de clubes aqui na década de 90 e, pouco tempo, depois saiu do vôlei. Isso é como os jogadores: eles têm um período no qual têm condições de jogar, mas depois acabam substituídos por outros", compara.
Dirigente do Santander/São Bernardo, José Montanaro Jr., concorda, mas acredita que sejam necessárias mudanças. "Não acredito nessa justificativa de que patrocinadores, por exemplo, estejam saindo porque a TV não fala o nome deles. É claro que eu gostaria de ver o Santander citado constantemente, mas sempre foi assim. A Globo deu as suas justificativas e todo mundo entendeu. Por isso, fica a contradição. Mas é claro que é uma cultura que poderia ser mudada pelo bem não só do patrocinador, mas de todos, até para contribuir com o esporte e com a sociedade brasileira", analisou.