Assim como acontece em vários esportes no Brasil, o vôlei de praia tem suas lendas. E uma delas viu seu destino se cruzar com o de Brasília ontem para escrever um capítulo marcante de sua história. Em plena quadra central do complexo montado na Esplanada dos Ministérios para a etapa da capital do Circuito Mundial de vôlei de praia, a carioca Sandra Pires, 35 anos, disse adeus às areias.
No dia em que Brasília comemorou seus 49 anos, Sandra Pires foi o centro das atenções no começo da tarde e recebeu diversas homenagens antes de disputar, ao lado de Talita (MS), sua última partida, uma exibição contra as norte-americanas Nicole Branagh e Elaine Youngs. As brasileiras venceram por 2 x 0, com parciais de 22/20 e 21/18. Mas o resultado era o que menos importava. O que valia mesmo era que ali uma das maiores atletas do país fechava seu ciclo, deixando para trás uma carreira repleta de conquistas.
Ao lado da parceira Jaqueline, Sandra Pires encantou o Brasil nas Olimpíadas de Atlanta, em 1996, quando as duas se tornaram as primeiras mulheres da história do país a conquistar uma medalha de ouro olímpica. Quatro anos depois, em Sydney, quando ela se tornou a primeira mulher da história a ser porta-bandeira do país em uma olimpíada, Sandra voltou ao pódio, para receber a medalha de bronze, desta vez com Adriana Samuel.
Tricampeã do Circuito Mundial, em 1995 e 1996, com Jacqueline, e em 2003, com Ana Paula, Sandra Pires não derramou lágrimas. Pelo contrário, sempre ostentando um sorriso, ela esbanjava simpatia. ;Falaram que eu ia chorar, mas acho que fui eu quem fiz muita gente chorar hoje;, disse a campeã olímpica. ;Não tenho do que reclamar na minha carreira. Estou muito feliz com a minha despedida;, explicou Sandra, que pretende estudar (educação física ou gastronomia) e, quem sabe, trabalhar com projetos sociais.
Mas a festa dos 49 anos de Brasília não teve apenas as emoções da despedida de Sandra Pires. Primeiro, os campeões de Atenas-2004 Ricardo e Emanuel duelaram contra os atuais campeões de Pequim-2008 Todd Rogers e Phil Dalhausser, dos Estados Unidos. Os brasileiros perderam por 2 x 0, com um duplo 21/19.
Depois, o brasiliense Harley, campeão do Circuito Mundial em 2008 e eleito o melhor jogador do mundo naquela temporada, comandou o desafio 4 x 4 entre Brasil e o resto do mundo. O time brasileiro teve ainda os campeões olímpicos de Barcelona-1992 no vôlei de quadra Maurício e Marcelo Negrão, além dos medalhistas de prata em Pequim (Márcio e Fábio Luiz). Do outro lado, os rivais tiveram Sinjim Smith e Dalhausser (EUA), Maaiseide (NOR), Dickmann (ALE) e Kolodinsky (RUS). O Brasil venceu por 2 x 1, com parciais de 13/21, 21/19 e 18/16, no tie-break.
Carinho por Brasília
A derrota no jogo exibição não apagou o brilho da apresentação de Ricardo e Emanuel ontem. Desde o início, os dois disseram que o resultado seria o menos importante. Para eles, o que valia era participar das comemorações do aniversário da capital. E, nesse sentido, o paranaense Emanuel estava realmente feliz.
;Este ano eu já vim a Brasília duas vezes e passei parte das minhas férias aqui, por 10 dias, em janeiro;, contou Emanuel, que é casado com a brasiliense Leila ex-jogadora de vôlei (de quadra e de praia). ;Desde que eu comecei a namorar com a Leila, passei a perceber mais as coisas da cidade, como esse céu lindo. Além disso, tenho muitos familiares aqui. Minha irmã (Aniele), três tios e mais de 20 primos vivem aqui. Então, fazer parte da festa do aniversário de Brasília é um orgulho para mim;, contou o campeão olímpico.
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